Vendeu doce em bar aos 12 anos; hoje tem franquia com 650 escolas de inglês

28 de Fevereiro 2023 - 08h26
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Na infância, Reginaldo Boeira ajudava os pais na roça em Muzambinho (MG). Aos 12 anos, trabalhou como empacotador em um supermercado e revendia doces em bares. Hoje, aos 59 anos, é dono da escola de inglês KNN, uma rede de franquia com 650 unidades.

Escola é uma das maiores franquias, diz associação

A KNN está entre as 50 maiores franquias por número de unidades. Os dados são do ranking de 2022 da ABF (Associação Brasileira de Franchising).

Veja os números segundo a empresa:

  • Faturamento declarado em 2022: R$ 1,2 bilhão (com lucro de R$ 420 milhões)
  • Faturamento médio de cada franquia em 2022: R$ 1,85 milhão (R$ 154 mil por mês)
  • Número de alunos matriculados: 180 mil (276 por escola)
  • Valor da mensalidade: De R$ 550 a R$ 600

A estratégia foi fazer uma expansão de fora pra dentro: começamos por cidades pequenas do interior para depois abrir unidades nas capitais.
Reginaldo Boeira, dono da KNN

Revendia doces para ajudar a família

Beira trabalhou desde criança. Ele é um dos 11 filhos do casal Rosalina Ferreira e Joaquim Vicente, que trabalhavam para fazendeiros da região de Muzambinho (MG). Aos 10 anos, ele ajudava os pais na roça. Em 1976, aos 12 anos, a família mudou-se para Limeira (SP).

Nessa época, Boeira começou a trabalhar como empacotador em um supermercado. Com o dinheiro, comprava doces (paçoquinha, doce de leite, cocada e chocolates, entre outros) para revender em bares na periferia da cidade, onde morava. "Com o lucro do dia, ajudava em casa e comprava mais caixas para vender no outro dia", diz.

Chegou a abrir uma empresa de doces formalmente, mais tarde. Aos 21 anos, vendeu a empresa para se aventurar em outros segmentos.

A partir de 1984, passou por vários negócios, como açougues, revenda de semijoias e loja de informática. Mas não gostou das áreas e não teve muito sucesso.

Interesse pelo inglês redirecionou carreira

Ele diz que, quando era criança na roça, ouvia programas de rádio da BBC de Londres. "Não entendia nada, mas o som daquela língua me encantava", declara.

Boeira começou a estudar inglês aos 16 anos, com ajuda de parentes que bancavam o seu curso. Em 1996, ele dava aulas particulares de inglês em casa.

Fez em 2002 uma viagem de cinco meses para o exterior. Percorreu 12 países para melhorar o inglês e entender como era o ensino em outros locais.

Como ele abriu a KNN

Em 2004, ele abriu a escola Sparkle, em São João da Boa Vista (SP). Investiu R$ 20 mil. Em 2012, a escola Sparkle passou a se chamar KNN (sigla de "Knowledge Now", que significa "conhecimento agora"), e teve a sede transferida para Itapema (SC). Hoje, a sede fica em Balneário Camboriú (SC).

Boeira investiu R$ 2 milhões para formatar a KNN como franqueadora, em 2014. Hoje, a rede KNN tem 650 unidades em funcionamento, sendo duas próprias. A franqueadora tem 445 funcionários, e a rede toda, 16 mil.

Atenção à concorrência, diz consultor

A história de Reginaldo Boeira chama a atenção por sua persistência e força de vontade. A avaliação é de Benedito Albiero, consultor de negócios do Sebrae-SP.

Para o consultor, mesmo errando e não dando certo em alguns negócios, Boeira continuou tentando, até acertar. Ele aproveita as oportunidades e não tem medo de arriscar. "No entanto, para correr risco de forma calculada, é preciso ter um plano de negócios, antes de empreender. Planejamento é a palavra-chave. Sem isso, a gestão da empresa fica prejudicada", afirma.

Sobre o segmento da KNN, o consultor diz que Boeira tem identidade com a área em que atua. "Isso é um ponto positivo; afinal, ele tem paixão pela língua inglesa, desde a sua infância na roça até sua viagem ao exterior para aprender o idioma", declara.

Mas é preciso ter atenção com a concorrência. "Escolas de idiomas têm hoje concorrência muito grande, devido à quantidade de redes existentes, aos cursos online e até aulas particulares com nativos de outros países. Vale, portanto, sempre ter um diferencial para a sua escola se destacar no mercado", afirma.

Com informações do UOL