"Turismo do RN está jogado e não há luz no fim do túnel", diz empresário

06 de Maio 2021 - 06h31
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Lá se vão 14 meses de pandemia no Brasil com muitas tragédias na saúde pública e no números de mortos e efeito avassalador na economia do país. Setores como os de turismo, comércio, serviços e eventos, estão entre os mais atingidos. Para os pequenos comércios o impacto foi implacável e em alguns casos irreversível. No Rio Grande do Norte, a falta de apoio do poder público, redução drástica na presença de clientes e longa duração dos decretos restritivos causaram um prejuízo dramático de demissões e falências.

Marcos Nofre, pequeno empresário de Natal, é um dos personagens direta e negativamente atingidos pelo cenário atual. Até o ano passado era proprietário de três lojas no hoje chamado Shopping Maré, antigo Shopping do Artesanato Potiguar, em Ponta Negra. Mas a crise provocou um efeito dominó danoso. Das três lojas que mantinha há seis anos, apenas uma sobrevive nos dias atuais.

“Ninguém de nós tem mais reservas e nem de onde tirar. Os empréstimos que fizemos ano passado pra subsistir já nos atormentam com as faturas chegando. O momento é crítico e precisamos voltar a trabalhar como era antes ao menos para empatar as contas. Estamos há mais de 1 ano só negativando. Não queremos incentivos fiscais, pra nós isso não resolve. Falando por mim e por meus colegas pequenos lojistas, o que mais nos preocupa é a falta de parcerias, divulgação e facilitações pra o turista vir pra Natal, ao invés de preferir João Pessoa por exemplo. O turismo está jogado e a gente não vê perspectiva de luz no fim do túnel”, relata Marcos.

O comerciante fala com a autoridade de quem sente o problema na pele de quem viu e vê diariamente centenas de outros colegas não resistirem e fecharem suas portas. Só pra se ter uma ideia da gravidade da situação, segundo Marcos, antes da pandemia o antigo Shopping do Artesanato Potiguar tinha cerca de 140 lojas abertas. Hoje restam aproximadamente 50.

“Está tudo bem difícil. Ano passado ficamos 5 meses inteiros sem faturamento nenhum e em 2021, esse mesmo cenário. Nós temos um turismo em que os visitantes saem para os passeios logo cedo e voltam aos hotéis no início da noite. Depois normalmente querem sair pra jantar, tomar uma cerveja, mas nosso decreto não permite. Não podem vender bebidas alcoólicas e os shoppings precisam fechar às 20h. Ou seja, estão matando nosso melhor horário de vendas que é justamente das 19 às 22h. O que já estava fraco, tornou-se desolador”, frisa o comerciante.

Valdenora Genuíno, conhecida como Sol, é outra pequena empresária que vive um drama semelhante. Ela tem uma história de 16 anos no Antigo Shopping do Artesanato Potiguar, era proprietária de cinco lojas e comercializa entre outros produtos, rendas renascença, richelieu bilro e filé, bordados, enxovais em rendas para adultos e crianças. Devido aos efeitos da pandemia, teve que fechar quatro lojas e demitir 12 funcionários.

“Vivemos um momento crítico e não quero jogar aqui culpa em A ou B, mas não basta apenas olhar pra os donos de restaurantes, bares, pra os guias e bugueiros. É preciso olhar também pra o artesão, pra bordadeira. Eu tenho uma história de nunca ter atrasado meus alugueis, meus pagamentos e pra permanecer tive que me desfazer das minhas lojas. Mesmo assim, atualmente até pra cumprir o básico não está dando. O comércio está em passo de tartaruga e nós estamos esmagados”, destaca Sol.

Após fechar as quatro lojas, nos últimos meses ela conseguiu reabrir uma graças a uma parceria com as bordadeiras, mas as vendas não dão vazão às mercadorias. Ela conta que tá com estoque lotado nas lojas e em casa, e finaliza com uma sugestão aos gestores locais. “Precisamos de recursos e de uma política de atração de turistas de forma urgente. Convido a governadora e o prefeito a nos visitar e ver de perto nosso drama. Por que não pensar um shopping público do artesanato? Aqui nós pagamos caro e por que não pagarmos metade desse valor pra o Estado?”, finaliza.

Com informações do Blog do BG