Opinião: População precisa debater novo Plano Diretor de Natal

23 de Abril 2019 - 03h31
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“SUA CIDADE É VOCÊ”
Por Arthur Dutra


O primeiro Plano Diretor de Natal foi instituído por lei em 1974 (Lei municipal nº. 2.217/74). Antes, foram criadas outras iniciativas sem essa denominação, todas voltadas para o planejamento urbano da cidade, tais como o Plano Polidrelli (1904), o Plano Palumbo (1929) e o Plano de Expansão de Natal (1935). O prefeito da época, Jorge Ivan Cascudo Rodrigues, de quem tive a honra de ser aluno na Faculdade de Direito da UFRN, entregou o plano à cidade acompanhando de um singelo bilhete, onde diz: “Natalense, eis o Plano Diretor de sua Cidade. Ele foi feito para ser executado e cumprido. Seja o defensor e o guardião do Plano que é seu, e que lhe entrego agora. Sua Cidade é você”.

Com dificuldades para implementar e em razão das mudanças políticas no Brasil, este plano terminou sendo substituído apenas dez anos depois, em 1984. De tudo, porém, ficou essa frase lapidar e que diz muita coisa para nós hoje em dia: “Sua Cidade é você”. Engana-se quem pensa que uma cidade é apenas um amontoado de prédios, ruas, praças, parques, bairros, avenidas etc. É muito mais que isso. As cidades têm uma dinâmica própria, que lhe é dada pelas pessoas que nelas habitam de todas as formas possíveis. É movimento, é imprevisível, é vida. A cidade, portanto, tem a cara dos seus moradores. Para o bem e para o mal. 

E hoje, mais do que nunca, precisamos resgatar esse enunciado inspirador para que nos tornemos efetivamente responsáveis pelos destinos da nossa Capital, que infelizmente não vive seus melhores dias. Atrasada, suja, estagnada, violenta, travada e sem perspectivas de futuro. Uma cidade triste, sem o mesmo carisma de outrora... E se a cidade é reflexo da sua população, precisamos parar e pensar: eu tenho contribuído para que a minha cidade seja melhor ou pior?

Não adianta apenas jogar a responsabilidade para os governantes do presente ou do passado, embora muitos sejam, em grande medida, responsáveis por este quadro desolador. É preciso que os verdadeiros donos da cidade se apoderem dela e queiram aprontá-la para um futuro que tem, curiosamente, uma conexão com o passado, quando tínhamos tranquilidade nas ruas, autoestima e orgulho. É tudo isso que queremos de volta, acrescido de oportunidades, desenvolvimento econômico, mobilidade e das inovações que tornam a vida urbana mais agradável para nós que andamos, dia após dia, pelas ruas desta Natal de 420 anos, e que não vamos deixar para trás de jeito nenhum.

 

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