
Após um fim de semana de roubos a comércios e de violência pelo interior do país, a onda de saques a supermercados e lojas chegou à periferia de Buenos Aires, alastrando-se de maneira veloz sobre um terreno fértil de aumento da pobreza a cada nova remarcação de preços.
Durante a noite e a madrugada, 56 pessoas foram presas em mais de dez saques a supermercados, em pelo menos oito municípios ao redor de Buenos Aires. O número de presos é ínfimo diante das várias dezenas que se juntam para atacar o comércio.
"Esta noite, à última hora, quando os comércios começaram a fechar, houve várias tentativas de roubos, de forma coordenada, a vários supermercados e lojas. Fazem uma maciça campanha através das redes sociais, incitando aos saques. Nos roubos, usam menores para roubar cigarros e bebidas alcoólicas", explicou Sergio Berni, secretário de Segurança da Província de Buenos Aires.
Ao longo da madrugada, quatro helicópteros sobrevoaram os pontos mais conflituosos da área metropolitana da capital. Em terra, grupos de apoio da polícia procuravam antecipar-se aos roubos.
Um dos saques mais violentos foi no município de Moreno. Cerca de 50 pessoas, incluindo crianças, cercaram o supermercado Conquista, que fechou as portas metálicas. Primeiro, atearam fogo num depósito de botijões de gás, ação que por pouco não transforma o saque numa tragédia. Depois, forçaram o portão de ferro até derrubá-lo. Por último, retorceram as portas metálicas. O dono do supermercado recebeu uma pedrada no rosto.
"Eu vi a ameaça num grupo de Facebook, mas não acreditei. Depois, recebi uma mensagem num grupo de WhatsApp. A polícia passou, mas não fez nada", conta a moradora Alejandra Castillo.
Os saques são coordenados através de grupos de Facebook e, principalmente, de WhatsApp. A partir de perfis falsos, mensagens de agitação são enviadas, incitando os integrantes a participarem de determinado ataque.
Na cidade de Buenos Aires, na noite de segunda-feira (21), um grupo de moradores de uma favela no bairro de Flores atacou a paus e pedras os delinquentes que entraram para roubar um comércio. Nessa área, a mais perigosa da capital argentina, a polícia do Exército faz a patrulha há dois meses e a vizinhança usa um sistema de alarme que avisa a comunidade sobre possíveis ataques. Uma pessoa foi presa.
Durante toda a terça-feira (22), as redes sociais tornaram-se uma usina de rumores, levando comerciantes de bairros como Flores e Once a fecharem as suas lojas como prevenção a um ataque que não se concretizou.
Com informações de UOL