
Com mais tempo em casa, as crianças se expõem mais a acidentes domésticos, precisando da atenção redobrada dos pais. Além da prevenção, contudo, é essencial que os responsáveis saibam como agir e tenham conhecimento sobre primeiros socorros.
A psicóloga e socorrista Laís Leal, diretora do Núcleo Desenvolve, ressalta a importância de se buscar a informação de forma segura, com profissionais especializados, ao invés de fazer pesquisas aleatórias pela internet ou recorrer a mitos que não têm qualquer comprovação científica.
Além disso, a calma é o primeiro passo para ajudar ou até salvar a vida do seu filho no momento da ocorrência. "Para agir com segurança, mesmo conhecendo os primeiros socorros, é preciso manter a tranquilidade", afirma.
Confira algumas orientações da socorrista para situações de emergência:
Queimaduras
O primeiro passo é lavar a região com água corrente - não gelada. Se a criança se queimar com um líquido mais denso, como mingau, e ele grudar na roupa e na pele, coloque-a debaixo do chuveiro para tirar o resíduo e também a roupa, evitando que a exposição continue.
A lavagem em água corrente deve durar de 5 a 10 minutos ou o tempo suficiente para amenizar a queimadura e diminuir a temperatura. Depois disso, ligue para o pediatra, mande uma foto e aguarde o direcionamento para o uso de medicamento ou ida ao hospital.
Não use nenhum outro produto caseiro e nem estoure a bolha que é formada com o tempo, evitando que se torne uma porta aberta para infecções.
Feridas e cortes
Para conter o sangramento, você pode fazer uma compressa de gelo envolta em um pano (por pouco tempo, para não queimar). Pode usar também gaze, algodão ou pano para comprimir o local. Se tiver atadura ou fralda, faça um curativo compressivo sem apertar demais, para não prender a circulação.
Para saber se está preso demais, aperte a ponta dos dedos, que ficarão pálidos, e aguarde. Se voltar à cor normal em até dois segundos, está ok. Caso contrário, o curativo prenderá a circulação.
Pancadas e lesões
Faça uma compressa (não demorada) com gelo, que possui propriedades que diminuem a dor, o edema (inchaço) e agem como anti-inflamatórias.
Em pancadas na cabeça, observe se a criança ficou inconsciente, se vomitou depois, se ficou tonta ou desorientada, se apresentou sonolência. Nestes casos, pode ter ocorrido uma contusão cerebral e é preciso ir ao hospital. Caso contrário, observe e faça uma compressa de gelo para minimizar o "galo".
Ingestão de produtos químicos
É preciso levar a criança ao hospital, porque pode trazer reações mais graves e nem sempre é possível saber a quantidade ingerida. Não provoque o vômito, porque pode ser um produto corrosivo que volte a queimar o esôfago.
Tirar corpo estranho ou irritação nos olhos
Incline a cabeça da criança e lave a região dos olhos com soro de ponta a ponta, pela pálpebra inferior. Não direcione o jato diretamente no olho, porque pode deslocar a retina.
Convulsão
Ao perceber que está começando, afaste objetos e coloque a criança na cama ou chão e proteja a cabeça, mas sem prender. Afrouxe roupas, não contenha os movimentos e fique atento às vias aéreas, colocando a criança de lado para não engasgar com saliva.
Aguarde a convulsão terminar, deixando-a ainda de lado, e espere a chegada do SAMU ou leve-a ao hospital.
Cuidado com convenção por hipertermia: controle a temperatura com antitérmico e compressas frias embaixo dos braços e região inguinal, trocando sempre que esquentar. O remédio possui o efeito de elevar antes de baixar a temperatura, o que pode ser perigoso para convulsões se o seu filho estiver com 39°.
Choque elétrico
Previna com proteção de tomadas e cuidado redobrado e transforme isto em rotina. Caso aconteça, jamais agarre a criança. Afaste-se e desligue o disjuntor. No máximo, deve-se tentar jogar um objeto não condutor para tirar o fio, mas com muito cuidado.