
Ocupando cargos públicos nas últimas duas décadas, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), construiu uma rede de empresas que englobam bens que valem ao menos R$ 79,1 milhões, segundo levantamento patrimonial feito pelo UOL.
Em termos reais, o valor dos ativos que estão no nome dele e das suas empresas em registros públicos —principalmente imóveis— cresceu 30 vezes desde 2006, quando ele se candidatou pela primeira vez a deputado.
A maior parte do crescimento ocorreu enquanto ele exercia cargos eletivos ou de confiança em Minas Gerais, sua base eleitoral, e Brasília. Silveira chegou ao governo Lula com o apoio de Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Senado, e Gilberto Kassab (PSD), secretário de Governo no estado de São Paulo. Antes de entrar na política, ele era delegado da Polícia Civil de Minas Gerais.
- Nos últimos anos, o político e firmas em nome dele passaram a ser donos de quatro casas de alto padrão em praias exclusivas do litoral baiano. Os imóveis estão à venda por R$ 43,5 milhões.
- Ele e as empresas também são donos de três fazendas em Minas Gerais, quartos e vagas de garagem em um hotel e mais de uma centena de lotes em condomínios, entre outros ativos.
- A maior parte dos bens está no nome de empresas controladas pelo ministro e, por isso, não aparece na declaração de bens informada ao TSE. Isso não é ilegal, mas dificulta para o eleitor saber qual é o verdadeiro patrimônio do agente público.
- Ao UOL ele disse que o seu patrimônio é fruto de mais de "30 anos de atuação como empresário".
- O levantamento tem como base 1.254 documentos públicos, obtidos em cartórios de notas e de imóveis de três estados, juntas comerciais, prefeituras e tribunais de Justiça. Alguns endereços foram visitados pessoalmente.
- A conta que totalizou em R$ 79,1 milhões o patrimônio do ministro é conservadora. Isso porque ficaram fora imóveis que constam em nome de empresas de Silveira em cartório de imóveis, mas que têm coproprietários em cadastros de prefeituras municipais, o que indica um processo de venda a prazo. Eles somam pelo menos R$ 27,2 milhões.
- O patrimônio construído pelo ministro em propriedades rurais --como gado, resultado de colheitas e o preço atualizado do hectare-- também não foi considerado.
Em alguns casos, o levantamento indica o uso pessoal por parte de Silveira de bens que estão no nome de empresas, como as casas na Bahia e as fazendas em Minas. A residência do ministro em Belo Horizonte, por exemplo, está no nome de uma firma de consultoria.
Quando foi eleito pela primeira vez, em 2006, para o cargo de deputado federal por Minas Gerais, Silveira e suas empresas reuniam bens na ordem de R$ 1,035 milhão (ou R$ 2,6 milhões, em valores atualizados pelo IPCA), segundo o TSE e informações de cartórios de imóveis.
O político, que tem por hábito apresentar-se publicamente como servidor público, dizia ter atuado na construção civil quando era um jovem de "vinte e poucos anos" —ele nunca divulgou que manteve a atividade empresarial após ter entrado na política.
A maior fatia de seu patrimônio não foi declarada ao TSE nas últimas eleições porque está vinculada a sua holding patrimonial, a Solidez Participações. Ter uma holding não é ilegal —em geral, utiliza-se deste mecanismo para um melhor planejamento tributário ou de sucessão.
A Solidez é detentora de cotas de empresas de construção, agropecuária e consultoria que são propriedade indireta de Silveira e administradas formalmente por um primo do político.
A legislação eleitoral permite que um candidato deixe de divulgar estes ativos. Ou seja, a lei não obriga o detalhamento de imóveis e outros bens vinculados a empresas que estão em seu nome.
A reportagem completa está disponível no portal Uol.
Com informações do UOL