
Para quem olha o Brasil de fora, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), perdeu sua influência com seus pares internacionais, enquanto sua popularidade afunda no país. Pelo menos, essa é a percepção do noticioso inglês The Economist.

Em 2022, quando o petista estava prestes a disputar o Palácio do Planalto com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), numa publicação cuja capa era o Cristo Redentor respirando com ajuda de aparelhos sob o título "a década sombria do Brasil", a avaliação do The Economist era que a reeleição do então mandatário "seria ruim para o Brasil e para o mundo. Só Lula pode prevenir isso".
Ainda assim, reconhece sua força política num momento em que o apoio a Lula cai. "Ele [Bolsonaro] ainda não escolheu um sucessor para liderar a direita. Mas se o fizer e a direita se unir a essa pessoa antes das eleições de 2026, a presidência será deles", diz o The Economist.
O jornal ainda chama atenção para a derrubada do decreto que elevava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) por parte do Congresso Nacional, movimento inédito nos últimos 30 anos e que sinaliza a fraqueza do mandatário perante o Legislativo.
Nas Américas, o texto destaca o isolamento de Lula com o presidente da Argentina, Javier Milei, a segunda maior economia da América do Sul e um parceiro histórico do Brasil, hoje mais alinhado aos Estados Unidos de Donald Trump.
Enquanto isso, aponta para o distanciamento do governo federal com os norte-americanos, seja pelo fato de o Ministério das Relações Exteriores ter condenado o ataque dos EUA ao Irã - posicionamento distoante das demais democracias ocidentais -, ou simplesmente porque Lula "não fez nenhum esforço para estreitar laços com os Estados Unidos desde que Donald Trump assumiu o poder em janeiro".
O The Economist chama atenção para o fato de que, em paralelo, Lula se aproxima dos líderes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladmir Putin. A dias da Cúpula de Líderes do Brics, a publicação avalia que o que antes era uma potencialidade para o Brasil, pode ter se tornado em exposição.
A avaliação do noticioso é de que "Lula parece relutante ou incapaz de reunir as nações latino-americanas para apresentar uma frente unida contra as deportações de migrantes e a guerra tarifária de Trump".
Quanto ao fato de o republicano pouco se dirigir ao Brasil, o The Economist levanta duas hipóteses. A primeira gira em torno do fato de o comércio exterior entre as duas partes ser favorável aos EUA, que vende mais do que compra dos brasileiros. O indicador da balança comercial é um dos principais na boca de Trump desde que voltou à Casa Branca.
"Mas seu silêncio também pode ser porque o Brasil, relativamente distante e geopoliticamente inerte, simplesmente não importa tanto quando se trata de questões de guerra na Ucrânia ou no Oriente Médio. Lula deveria parar de fingir que importa e se concentrar em questões mais próximas", conclui o The Economist.
Com informações de CNN