Pais de autistas contam como é viver entre preconceitos e superações

07 de Agosto 2020 - 02h54
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O empresário Alisson Amorim e o advogado Heriberto de Araújo têm em comum uma missão que encaram como desafiadora e ao mesmo tempo divina: são pais de autistas. Contrariando a constatação de que geralmente a figura paterna se mantém distante das intervenções e acompanhamentos, fazem questão de serem presentes e participarem de cada evolução.

"Mesmo não morando com ele e trabalhando muito, sempre que posso acompanho pelo telefone, internet, etc.", conta Alisson, pai de Alisson Filho, 8. "Nos finais de semana em que estamos juntos, tentamos manter sua rotina e principalmente os ensinamentos que lhe deixam menos dependente", diz o empresário.

Heriberto, pai de Gabriel, 6, lembra quando descobriu o autismo na vida do filho e passou a pesquisar tudo sobre o assunto. "Sempre busquei participar da rotina dele com os terapeutas, incluindo-me para ver o que poderia fazer para melhorar o seu desenvolvimento".

A psicóloga e analista do comportamento Luanna Martins, diretora do Núcleo Desenvolve, reforça a importância do papel parental. "Assim como a mãe, o pai também consegue perceber as necessidades da criança, e assim desenvolvemos um trabalho ainda mais personalizado", ressalta. "Os resultados são irrefutáveis quando o pai e a mãe conseguem dar continuidade ao processo terapêutico no dia a dia da criança ou adolescente".

"Alisson Filho me mostra o quanto devemos amar nos pequenos gestos, ser compreensivos nas crises e humildes, porque para ele a felicidade está nas pequenas coisas, sem pedir nada em troca", descreve Alisson.

"O principal desafio de ser pai de autista é contornar o preconceito, o distanciamento social e a falta de conhecimento", relata Heriberto. "Mas a cada dia crescemos com ele e somos surpreendidos pelos seus ensinamentos".

Para o pós-pandemia, os pais de Alisson Filho e Gabriel desejam o mesmo: empatia. "A lição que fica é de que o mundo ainda precisa evoluir, as pessoas ainda são egoístas", afirma Alisson. "Precisamos tentar melhorar, ter mais reuniões em família e com amigos e fazer desses momentos únicos", completa.

"O que eu espero é que a sociedade seja mais consciente e possamos recriar um mundo melhor para nossos filhos, principalmente sem a barreira do preconceito e do egocentrismo, que não levam a lugar algum", deseja Heriberto.