Lula diz que ‘tentações autoritárias’ desafiam democracias latino-americanas, mas não cita ditaduras de esquerda

25 de Janeiro 2023 - 07h01
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou na 7ª Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), realizada na Argentina, marcando a volta do Brasil para o grupo nesta terça-feira (24). Em 2020, o ex-presidente Jair Bolsonaro havia retirado o país do fórum. 

“Ao longo dos sucessivos governos brasileiros desde a redemocratização nos empenhamos com afinco e com sentido de missão em prol da integração regional e na consolidação de uma região pacífica, baseada em relações marcadas pelo diálogo e pela cooperação. A exceção lamentável foram os anos recentes, quando meu antecessor tomou a inexplicável decisão de retirar o Brasil da Celac”, declarou o presidente. 

O petista ainda destacou as “tentações autoritárias que até hoje desafiam nossa democracia” e mais uma vez relembrou o vandalismo na Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro, mas nada falou sobre as ditaduras da esquerda na América Latina. No dia anterior, Lula defendeu “a autodeterminação dos povos” ao falar sobre Cuba e Venezuela. “Os cubanos não querem copiar o modelo do Brasil. Não querem copiar o modelo americano. Eles querem fazer o modelo deles. Quem é que tem alguma coisa a ver com isso? Os países que compõem a Celac, sobretudo o Brasil, têm que tratar Cuba e Venezuela com muito carinho.”

Mais cedo no evento, o presidente argentino, Alberto Fernández, afirmou que, “sem dúvida, uma Celac sem o Brasil é uma Celac muito mais vazia, com a qual sua presença hoje nos completa”, em referência a Lula. Em seu discurso, o presidente do Brasil ressaltou a importância da integração entre os países da América Latina e do Caribe para discutir problemas e buscar soluções para desafios compartilhados. 

O combate à fome, à desigualdade, ao racismo, à violência, o empenho com a preservação ambiental e o cuidado com povos indígenas também foram pautas do discurso do petista. 

“Para crescermos de maneira sustentável não podemos seguir ostentando índices inaceitáveis de pobreza e fome, nem tampouco conviver com a desigualdade e a violência de gênero que atingem metade de nossas populações. É preciso respeitar e proteger nossos povos originários – até hoje ameaçados e negligenciados. É preciso trabalhar para que a cor da pele deixe de definir o futuro de nossos jovens. Nada deve nos separar, já que tudo nos aproxima. Nosso passado colonial. A presença intolerável da escravidão que marcou nossas sociedades profundamente desiguais. As tentações autoritárias que até hoje desafiam nossa democracia. Mas também a imensa riqueza cultural dos nossos povos indígenas e da diáspora africana. A diversidade de raças, origens e credos. A história compartilhada de resistência e de luta por autonomia. Tudo isso nos faz sentir parte de algo maior e alimenta nossa busca por um futuro comum de paz, justiça social e de respeito na diversidade”, declarou.

Com informações de Jovem Pan News