
Milhares de pessoas saíram às ruas de Teerã, ontem (11), para protestar contra o governo iraniano. A manifestação foi causada pela indignação com o fato de militares iranianos terem derrubado, por engano, na última quarta-feira (8), um Boeing 737 da companhia Ukraine Airlines que transportava 176 pessoas de várias nacionalidades. Mais cedo, o presidente Hassan Rouhani admitiu publicamente a responsabilidade iraniana, afirmando que o avião foi derrubado “por acidente”, ao ser confundido com um míssil.
Houve indignação por conta da demora do governo em reconhecer sua culpa. Estudantes universitários desafiaram a tradicional truculência do regime e realizaram uma manifestação no fim da tarde deste sábado (horário local), na qual o embaixador britânico foi preso por algumas horas por "incitar protestos contrários ao governo". O embaixador britânico em Teerã, Rob Macaire, ficou três horas detido após comparecer aos atos em frente à universidade.
No fim da tarde, o grupo foi disperso com bombas de gás jogadas por forças de segurança. Em outro protesto, na faculdade Sharif, novamente centenas de alunos de reuniram e chegaram a pedir a renúncia do líder máximo do Irã, o Aiatolá Ali Khamenei. Os universitários chegaram a rasgar um grande pôster com a foto do general Qassem Soleimani, assassinado em um ataque norte-americano, em Bagdá, em meio a gritos de “Soleimani assassino”.
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Entre os passageiros e tripulantes do avião havia dezenas de iranianos. Segundo a emissora pública de TV do Japão NHK, os manifestantes ficaram furiosos com o que eles chamaram de tentativa do governo de encobrir o fato de que vários mortos eram cidadãos iranianos. Eles criticaram o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, gritando "Morte ao ditador".
Mais cedo, logo após Hassan Rouhani admitir que o Irã abateu o avião, Khamenei divulgou uma nota em que atribui o incidente a um “erro humano” o “trágico acidente”.
Os manifestantes disseram que o governo provavelmente sabia desde o início o que realmente aconteceu, mas que mentiram sobre os fatos.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou sua conta no Twitter para comentar a situação no Irã. “Ao corajoso e sofredor povo do Irã: estou ao seu lado desde o início do meu mandato e meu governo continuará ao seu lado. Estamos acompanhando de perto seus protestos e somos inspirados por sua coragem”, escreveu Trump em um primeiro tuíte. “O governo iraniano deve permitir que grupos de direitos humanos monitorem e denunciem fatos sobre os protestos em andamento. Não pode haver outro massacre de manifestantes pacíficos, nem um desligamento da internet. O mundo está assistindo”, acrescentou o mandatário norte-americano.
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, também usou as redes sociais para comentar os protestos. “A voz do povo iraniano é clara. Eles estão fartos das mentiras, da corrupção, da inaptidão e da brutalidade do regime do IRGC [Guarda Revolucionária Iraniana] sob a cleptocracia de Ali Khamenei. Estamos do lado do povo iraniano que merece um futuro melhor”, escreveu Pompeo em uma postagem acompanhada por um vídeo com supostas imagens dos protestos nas ruas de Teerã.
Com informações de Agência Brasil e O Globo.