Golaço, hat-trick e cartaz famoso: as histórias dos gols de Pelé na Seleção que a Fifa ignora

11 de Setembro 2023 - 08h24
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Com os dois gols anotados diante da Bolívia, Neymar superou Pelé como o maior artilheiro da história da seleção brasileira nas contas da Fifa, com 79 bolas na rede. Porém, o feito só foi possível porque a entidade máxima do futebol não considera as 18 vezes que o Rei marcou em amistosos contra clubes e combinados.

Tais gols são considerados pela CBF e foram marcados em quatro países diferentes (Brasil, Espanha, México e Suécia) ao longo de 11 partidas, todas elas carregadas de boas histórias e também algumas lendas.

Esse tipo de enfrentamento contra clubes ou combinados regionais era comum para o time canarinho no passado, como explica o historiador Napoleão de Almeida. Ele recorda que a data Fifa (janela no calendário do futebol criado para enfrentamento entre seleções) foi criada somente em 2002:

– O que que você faz com os jogos de antes? Os amistosos contra as seleções estaduais nos anos 1960, 1970 e um pouco nos anos 1980 eram disputados em estádios lotadíssimos, com rendas altíssimas. O Brasil jogava com uniforme oficial, cobrando ingresso, trio de arbitragem. Como é que você não vai dar cunho oficial disso?

Nas contas da CBF, que considera todas as partidas, Pelé tem 95 gols em 113 duelos. Já Neymar marcou 79 vezes em 125 partidas.

Abaixo, o ge conta a história de cada um dos gols de Pelé pela Seleção desconsiderados pela Fifa:

  • Brasil 7 x 1 Malmö (da Suécia), em 1960: 2 gols de Pelé

Em 1960, o Malmö FF convidou o Brasil, campeão mundial dois anos antes na Suécia, para a partida de comemoração do seu 50º aniversário. A Seleção chegou ao país da Copa de 1958 no dia 7 de maio, véspera do amistoso, vindo de três jogos no Egito contra a seleção local - foram três vitórias (5 a 0, 3 a 1 e 3 a 0) e 45 mil dólares de cachê (cerca de 350 mil dólares em valores corrigidos).

Pelé fez dois gols (dizem que um foi do meio de campo, mas não há registro) e deu passe para outros quatro. O jogo ficou marcado por ter sido o gol de número 300 do Rei como jogador profissional, considerando clube e a Seleção.

  • Brasil 5 x 3 Atlético de Madrid (Espanha), em 1966: 3 gols

Como estreia na excursão pela Europa, de preparação para a Copa do Mundo de 1966, a Seleção venceu o Atlético de Madrid por 5 a 3, em um Santiago Bernabéu lotado.

O jornal "O Globo" relatou na época que o país parou para assistir a partida, que teve hat-trick de Pelé. O Rei participou dos outros dois gols, com passes para Amarildo e Lima marcarem.

  • Brasil 4 x 2 AIK (Suécia), em 1966: 2 gols

No quinto jogo da excursão pela Europa, após passar duas partidas em branco, Pelé marcou dois gols em cima do AIK, da Suécia. Em um deles, o camisa 10 fez uma belíssima jogada, ao passar pela zaga, driblar o goleiro, e marcar o gol. A partida aconteceu em Estocolmo, na Suécia, e foi a penúltima partida da Seleção antes da Copa de 1966.

  • Brasil 3 x 1 Malmo (Suécia), em 1966: 2 gols

Última partida antes da Copa do Mundo de 1966. Pelé marcou dois gols mais uma vez em um amistoso contra o Malmo, na Suécia.

Segundo os jornais da época, o Rei balançou a rede duas vezes driblando o goleiro - marca registrada do craque. Esta foi a penúltima partida que Pelé e Garrincha atuaram juntos na Seleção. Com a dupla, o Brasil nunca perdeu um jogo sequer.

  • Brasil 4 x 0 Bahia, em 1969: 1 gol

Em 1969 finalmente durante a preparação para a disputa das Eliminatórias para a Copa do México em 1970, o Brasil desembarcou em Salvador para fazer um amistoso contra o Bahia e pela primeira vez se exibir na Fonte Nova.

Na época, o estádio tinha capacidade para 35 mil pessoas, mas relatos dão conta de que mais de 40 mil pessoas prestigiaram o time de feras de João Saldanha.

  • Brasil 6 x 1 Seleção Pernambucana, em 1969: 1 gol

Com 26.929 pagantes e renda de NCr$ 262.114, a Ilha do Retiro teve uma tarde de domingo de lotação e falta de serviço aos torcedores, acabando ainda no primeiro tempo o estoque de refrigerante e refresco. O público passou “sede”, segundo o relato do jornal.

No intervalo, a atração foi o pouso no gramado de sete paraquedistas da brigada aérea. Após a goleada, ficou a bronca do técnico João Saldanha, por causa do cerco da imprensa ao Rei Pelé, perto de chegar a mil gols na carreira.

  • Brasil 1 x 2 Atlético-MG (jogo no Mineirão, em 1969): 1 gol

Amistoso realizado em 3 de setembro de 1969 no Mineirão. Teve como objetivo celebrar o 147º aniversário da Independência do Brasil e também festejar a classificação da Seleção para a Copa do Mundo FIFA de 1970. Pelé balançou as redes, mas Dadá Maravilha foi eleito o craque do jogo.

  • Brasil 4 x 1 Seleção Amazonense, em 1970: 1 gol

O jogo marcou a história do futebol amazonense por inaugurar o estádio Vivaldo Lima, na tarde do dia 5 de abril de 1970. A partida fez parte da preparação da Seleção para a Copa do Mundo de 1970, na qual o Brasil conquistaria o tricampeonato do mundo. Além de Pelé, Carlos Alberto Torres, Paulo César Caju e Rivellino balançaram as redes. Mário Vieira marcou para os amazonenses.

  • Brasil 3 x 0 Combinado de Guadalajara (México), em 1970: 1 gol

Com mais de 75 mil pessoas no Estádio Jalisco, em Guadalajara, o Brasil venceu o combinado da cidade por 3 a 0, com gol de Pelé, Clodoaldo e Rivellino. O jogo é lembrado por ter sido realizado na preparação para a Copa do Mundo de 70 e pelo icônico cartaz dos torcedores mexicanos para Pelé.

"Hoje não trabalharemos, porque vamos ver Pelé - que ontem apareceu nas ruas de Guadalajara, dá ideia do entusiasmo popular e da expectativa que cercavam a primeira apresentação no México da seleção brasileira", destacou o jornal "O Globo" na época.

  • Brasil 5 x 2 Combinado de León (México), em 1970: 2 gols

Time treinado pelo lendário ex-goleiro Carbajal, de cinco Copas do Mundo pelo México, o Combinado de León perdeu por 5 a 2 para a Seleção.

Se havia debate anteriormente entre o entrosamento de Pelé e Tostão, a partida do Rei com dois gols e a do ídolo do Cruzeiro, com um, sanou as dúvidas. Até para João Saldanha, ex-técnico da Seleção, que elogiou a dupla comandada por Zagallo, em sua coluna no jornal "O Globo".

Com informações do Globo Esporte