Chico Pinheiro revela conversa com a Globo após vazamento de áudio pró-Lula: "Tem que tomar cuidado"

28 de Junho 2022 - 03h57
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Na entrevista que deu ao UOL nesta segunda-feira (27), o jornalista Chico Pinheiro revelou detalhes inéditos do áudio que vazou em 2018, no qual ele comentava a prisão do ex-presidente Lula. A conversa ocorreu em um grupo fechado de funcionários da Globo (jornalistas e artistas) e causou uma repreensão ao então apresentador do "Bom Dia Brasil". Veja vídeo acima.

"Realizaram o fetiche. O fetiche deles era Lula na cadeia. Não foi feito do jeito que eles queriam, mas o Lula foi. E agora? O que vão fazer agora? Como é que fica? Qual é o próximo passo? Que o Lula tenha calma e sabedoria, inspiração divina para ficar quieto", disse o jornalista na gravação. "A direita está louca. Os coxinhas estão perdidos".

Durante a entrevista, Chico Pinheiro contou que a sua intenção era animar os participantes da conversa. "Quis dar um alento. O grupo estava choroso, tinha muita gente de esquerda". O jornalista cantou trechos de "Pesadelo", de Paulo Cesar Pinheiro, que diz: "Olha muro, olha a ponte / olha o dia de ontem, chegando / que medo você tem de nós / olha ai".

"Aí vazaram, um grupo passou para o outro. Achei um absurdo que uma coisa vaze", disse, reconhecendo que "houve uma dose de ingenuidade" da sua parte.

Após o vazamento, Chico aguardou algum tipo de reação da Globo. "Houve uma conversa com a direção porque isso provocou um barulho muito grande", contou. Segundo disse, ele foi para a conversa com o diretor de jornalismo, Ali Kamel, "esperando algum tipo de punição", mas o executivo se mostrou "solidário" com Chico. "Ele abriu a porta, estendeu a mão e disse: 'Fizeram com você uma baita sacanagem'. E acrescentou que fui ingênuo ao fazer o comentário num grupo de WhatsApp".

Pinheiro contou que Kamel pediu cuidado pois "você [Chico] não fala só por você, mas também pela emissora, então tem que tomar cuidado", contou. "E depois disso veio um alerta, uma recomendação para jornalistas não se manifestarem, mesmo nas redes sociais, politicamente, de maneira que pudesse comprometer a linha editorial e as posições da empresa. É a lei Chico Pinheiro. Virei nome de lei, mas não houve [punição], foi um tratamento muito respeitoso", completou.

Em maio, Chico Pinheiro deixou a Globo em comum acordo após 32 anos dedicados ao jornalismo do canal. Na entrevista ele conta que o seu contrato ia até setembro, mas tinha dois meses de férias e achou melhor antecipar a rescisão.

Com informações de UOL