Caso Mariana Ferrer: Empresário é inocentado com sentença de 'estupro culposo'

03 de Novembro 2020 - 11h05
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André de Camargo Aranha, empresário acusado de estuprar a influencer Mariana Ferrer durante festa em 2018, foi absolvido. Para o promotor responsável, André não podia saber que a jovem não se encontrava em condições de consentir a relação, e que, então, não havia “intenção” de estuprar. O juiz Rudson Marcos, da 3ª Vara Criminal de Florianópolis, aceitou o argumento de que o empresário cometeu “estupro culposo”, não previsto na lei. As informações foram divulgadas pelo The Intercept.

O crime teria ocorrido em 15 de dezembro de 2018, no Café de la Musique, em Jurerê Internacional, na cidade de Florianópolis, capital de Santa Catarina. Na ocasião, Mariana tinha 21 anos e estava trabalhando como promoter de festa que ocorria no local.

Marcado por mudança de versão do acusado, sumiço de imagens e troca de delegados e promotores, o processo teve julgamento mês de setembro deste ano, on-line. O Intercept divulgou imagens da audiência que mostram o advogado de Aranha, Cláudio Gastão da Rosa Filho, humilhando Mariana.

Chorando diante da situação, ela ouviu do advogado: “Não adianta vir com esse teu choro dissimulado, falso e essa lábia de crocodilo”. “Teu showzinho você vai no seu Instagram dar depois. É seu ganha pão a desgraça dos outros, fala a verdade”, continuou. A jovem afirmou que nem acusados eram tratados daquela forma. 

De acordo com o Intercept, Cláudio está entre os advogados mais caros de Santa Catarina, já tendo representado Olavo de Carvalho e Sara Giromini. Já André, costuma ser visto ao lado de famosos, como o ex-jogador de futebol Ronaldo e o jogador Gabriel Jesus.

O caso

Em depoimento à polícia, Mariana Ferrer afirmou que teve um lapso de memória entre o momento em que uma amiga a puxa e a hora em que está descendo uma escada, seguida por Aranha. Na comanda dela, a única bebida que constava era uma dose de gin. Ela acredita que foi drogada.

Exame de Mariana aponta que ela era virgem e comprova que no corpo da jovem havia material genético de André. Um vídeo mostra que às 22h25 ambos sobem uma escada e voltam seis minutos depois.

Em julho de 2019, o primeiro promotor do caso, Alexandre Piazza, denunciou André de Camargo Aranha por estupro de vulnerável, pedindo que ele fosse preso preventivamente. A justiça aceitou o pedido, mas a defesa de Aranha derrubou a medida com uma liminar. Após Piazza deixar o caso, Thiago Carriço de Oliveira assumiu.

Este ano, André mudou a versão de que não teve contato com Mariana, afirmando que fez sexo oral nela. Ele disse ainda que Mariana foi quem se aproximou dele e que ela pediu para ir ao banheiro, momento em que eles subiram. Ele teria praticado sexo oral nela e eles foram embora por opção dele.

O promotor Thiago Carriço de Oliveira, responsável pela tese de “estupro sem intenção”, argumenta que os exames toxicológicos de Mariana não apontam drogas ou álcool no sangue da jovem. Além disso, se baseando em imagens de câmeras, ele diz que Mariana parecia sóbria ao sair do local da festa. A decisão de absolver André de Camargo Aranha foi tomada em primeira instância, sendo possível que seja questionada.

A OAB de Santa Catarina solicitou que o advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho preste esclarecimentos sobre a postura que teve na audiência. O Intercept entrou em contato com a OAB-SC, porém recebeu a informação de que não poderiam ser dadas mais informações, visto que o processo corre em segredo de justiça. O advogado não comentou o caso e disse que haviam “indagações descontextualizadas”.

Fontes: Yahoo e The Intercept