A falta de sorte do "Ganso"

27 de Setembro 2020 - 06h48
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Embora o seu nome seja Carlos Roberto Gallo, em meio a boleirada é conhecido pelo apelido de ‘Ganso”. É o goleiro com maior longevidade na seleção brasileira se considerarmos o tempo na seleção de base e adulta. São 19 anos servindo à seleção, de 1974 a 1993 (*).

Chegou à seleção adulta em 1977 e somente em 1986 assumiu o posto de titular. Raro era o seu talento debaixo da baliza. De excelente estatura e capacidade física e técnica, ficou estereotipado pela falta de sorte em momentos decisivos.

Em 1977, na decisão do título paulista entre o seu time - a Ponte Preta – e o Corinthians, no primeiro dos três jogos decisivos abafou um passe dado em velocidade à Palhinha, atacante adversário, e depois da bola bater no seu corpo, voltou no rosto do atacante e dali para o gol. Gol de nariz e 1x0 pro Timão. Foi reserva de Leão no seu primeiro mundial. Com a chegada de Telê, foi alçado a condição de titular até a estreia no Mundialito /1981, no Uruguai, quando deixou o campo com uma séria lesão no ombro esquerdo. Waldir Peres assumiu a titularidade e Paulo Sérgio (Botafogo) o reserva. Foi à Copa do Mundo de 1982 como terceiro goleiro.

Na Copa de 1986, viu seu sonho se realizar e foi o titular da seleção no México, que ainda tinha Paulo Victor (Fluminense) e Leão como reservas. Mas quase o sonho vira pesadelo. No último jogo-treino antes da Copa, contra o Guadalajara, um jogador mexicano pisou, involuntariamente, na mão esquerda do goleiro. Achou que tinha quebrado a mão dado o inchaço local instantâneo. Escondeu de todos e só revelou para o médico Neylor Lasmar, mas disse que jogaria na marra. O médico foi seu cúmplice no segredo e ninguém soube da contusão. A radiografia mostrou que não havia fratura, embora a dor fosse tamanha e que o incomodou durante a estreia contra a Espanha.

Mas o grande lance de falta de sorte do goleiro foi na cobrança de pênaltis nas quartas-de-final da Copa. Após tempo normal e prorrogação empatados em 1x1, Brasil e França foram para os pênaltis. O Brasil desperdiçou as cobranças com Sócrates e Júlio Cesar. A França com o craque Platini. O francês Bruno Bellone bateu de canhota, a bola chocou-se com a trave e voltou nas costas do goleiro Carlos, indo parar mansamente no fundo do gol. França classificada para as semifinais.

Em 1988, já no Corinthians, fez um excelente campeonato paulista, mas não participou das finais ao torcer o tornozelo, sozinho, na semifinal contra o Palmeiras. Assumiu o posto o então jovem Ronaldo Giovanelli.

(*) Contando apenas a seleção adulta, Gylmar dos Santos Neves ficou 16 anos e 73 dias, seguido por Emerson Leão com 16 anos e 53 dias. Carlos está em terceiro lugar com 15 anos e 72 dias. 

Créditos de informações e imagens para criação do texto: Goleiros: heróis e anti-heróis da camisa 1(Paulo Guilherme).