
A Justiça de São Paulo aceitou, nesta terça-feira (20/5), a denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP) e tornou réu o coach e empresário Pablo Marçal (PRTB) por colocar em risco a vida de 32 pessoas durante uma escalada no Pico dos Marins, na Serra da Mantiqueira, interior paulista, em janeiro de 2022.
A decisão foi proferida pela juíza Rafaela D. Assunção Cardoso Glioche, da Comarca de Piquete, que considerou a denúncia suficientemente fundamentada. Segundo a magistrada, os elementos apresentados pelo MPSP — incluindo o inquérito policial — justificam a abertura da ação penal, que classifica a conduta de Marçal como homicídio privilegiado tentado, uma modalidade em que há risco concreto à vida.
O caso
Pablo Marçal liderou uma expedição com 32 pessoas até o cume do Pico dos Marins, a 2.420 metros de altitude, sem equipamentos de segurança e sob condições climáticas adversas. Durante a subida, a região foi atingida por fortes vendavais, mas o grupo seguiu em frente.
Na ocasião, o influenciador incentivou os participantes a não desistirem da trilha, mesmo com o agravamento do clima. Um vídeo registrado no local mostra Marçal motivando os presentes, o que foi levado em consideração na investigação.
Um inquérito inicial, finalizado em dezembro de 2022, não identificou responsabilidade penal do coach. No entanto, o Ministério Público apontou falhas na apuração e pediu nova investigação. A Polícia Civil de Piquete reabriu o caso.
Apesar de 13 ex-participantes da escalada terem inocentado Marçal e declarado que a decisão de seguir foi coletiva, a promotoria sustentou que a liderança exercida por ele, além da negligência com a segurança do grupo, configurou exposição ao risco à vida e à saúde dos envolvidos.
Repercussão
O caso ganhou repercussão nacional após o tenente Pedro Aihara, do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, publicar vídeos relatando a dificuldade do resgate. Em tom crítico, ele afirmou:
“Um coach irresponsável coloca 60 pessoas para subir o Pico dos Marins debaixo de chuva, sem estrutura e sem suporte técnico. Segundo ele, ‘é tudo emocional’.”
Desde o episódio, Pablo Marçal está judicialmente proibido de realizar atividades em ambientes naturais — como montanhas, picos, rios ou mares — com outras pessoas, sem autorização prévia da Polícia Militar.
A defesa e a assessoria de Marçal foram procuradas pelo Metrópoles, mas não se manifestaram até o momento. O espaço permanece aberto para futuras declarações.