Memeria gera avaria

20 de julho 2024 - 07h40
Créditos: Montagem Internet

Por Sérgio Trindade

Nos últimos dias as redes sociais foram inundadas com memes do Ministro da Fazenda Fernando Haddad, e o Partido dos Trabalhadores (PT) e seu séquito de zumbis espalhados pela mídia, pelas universidades, etc, resolveu sair dos hipogeus onde descansa da faina diária da genuflexão diante do deus entre os deuses para maldizer os gracejos, as piadas, os chistes que tenham como alvo o Ministro Haddad... e qualquer outro membro da religião.

O deputado federal Jilmar Tatto, do PT de São Paulo, começou dizendo, quando os memes começaram a sair, que eles “não pegariam” até que, depois de pegados, a também deputado federal e presidente do PT, a paranaense Gleisi Hoffman, esbravejou afirmando serem os gracejos fakenews, porque, segundo ela, trazem desinformação: “O que estão compartilhando sobre o ministro Fernando Haddad não é meme, é material de desinformação”, declarou Gleisi em seu perfil no X (ex-Twitter).

A jornalista Andréa Sadi, que pilota o programa Estúdio I, da GloboNews, disse, com base em fontes do governo, no mais deslavado jornalismo declaratório (quando alguém faz isso, e não é do agrado desse pessoal, chovem ataques), que os memes eram feitos por profissionais (“Tem dinheiro investido, né? Tem gente investindo nisso aqui, é profissional.”). Indignada porque o governo não reagia (“Cadê o contra-ataque”?), foi apoiada pelo colega Valdo Cruz, para quem seria razoável uma regulamentação sobre os memes. Em seguida, reivindica um contra-ataque, subvertendo a lógica informativa do que o Grupo Globo proclama como jornalismo, conclama: “(...) Cadê o contra-ataque? Porque a gente fala o tempo todo de como a esquerda não consegue reagir. O problema não é a direita. A oposição fazer oposição. O problema é o governo não fazer a defesa do governo”.

Ora, Fernando Haddad é alvo de memes nas redes sociais pelas decisões econômicas do governo do qual ele, como Ministro, faz parte. As críticas à sua atuação, como Ministro, tornaram-se mais intensas depois da aprovação do PLP (Projeto de Lei Complementar) nº 68, medida responsável pela regulamentação da reforma tributária.

Os memes são uma brincadeira e no caso específico dos feitos com Haddad brinca-se com as palavras. São muito engraçados e se tornam ainda mais engraçados quando assistimos à zanga dos políticos e de seus fieis defensores na grande mídia, nas universidades, nas redes sociais e nas ruas.

Quem está na vida púbica e se zanga com memes que não são desrespeitosos precisa urgentemente buscar tratamento especializado.

Os memes de Haddad são proposições de humor e ajudam a população, por serem expressões da mais fina troça brasiliana, maltratada por governos insanos, desrespeitosos e corruptos, a lidar com a realidade.

Delfim Netto, quando Ministro de João Figueiredo, último Presidente da República do ciclo autoritário nascido em 1964, era zoado nos programas humorísticos de TV e nas charges de jornais e revistas, as quais colecionava.  Nunca, mesmo o governo do qual fazia parte tendo instrumentos mais potentes do que os de posse do atual governo tem para atacar adversários, avançou contra jornalistas, humoristas, chargistas. Pelo contrário, ria muito das charges e das imitações que faziam dele.

Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso (nem vou falar dos antecessores Collor, Sarney e, mais para trás ainda, JK) eram malhados semanalmente pelos humorísticos de TV, especialmente Casseta&Planeta, e nas páginas de jornais. Devem ter se chateado, mas nunca apareceram com propostas liberticidas.

A tchurminha que hoje se aboleta nas cadeiras de mando e que frequenta gabinetes em Brasília, como jornalistas em busca de fontes, não aceita que sua patota seja alvo de gracejos.

Estão forçando as pessoas a se calarem, agora querem proibi-las de rir.

Quem quer racionalizar a discussão demonstre que a carga tributária diminuiu de 33% para 32% e tente convencer aos tributados, cansados de sustentar parasitas, a continuar pagando impostos de alemães e receber serviços de Chade.

Será que falar e rir serão taxados?