Marcelo Bretas: “A Lava Jato é eterna. Doa a quem doer”

22 de Junho 2019 - 04h54
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O juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio de Janeiro, concedeu entrevista que foi publicada essa semana pelo EL País. O juiz desafiou os que querem acabar com a Lava Jato e disse que o trabalho de combate à corrupção não vai acabar. As ameaças de morte o obrigam a viver sob proteção policial dia e noite.

Confira trechos da entrevista:

Pergunta. Acha que já descobriu o grosso da trama de corrupção ou isso é só a ponta do iceberg?

Resposta. A Lava Jato não é um conjunto de investigações, é uma nova forma de se fazer justiça e de combater a corrupção. A Lava Jato é eterna. É operada com um novo padrão, de julgamentos mais rápidos, profundos e imparciais, em que não importa quem esteja envolvido. Doa a quem doer. É uma nova era da Justiça brasileira com profissionais envolvidos 24 horas por dia.

Pergunta. Hoje existe mais corrupção ou ela vem mais a público?

R. A percepção da corrupção é maior, as pessoas estão mais descontentes com a corrupção, e os juízes e os investigadores têm maior sensibilidade às demandas da sociedade, à indignação da população. Nosso trabalho agora é mais cansativo e mais perigoso porque, quando falamos de corrupção, falamos de pessoas com autoridade, de políticos envolvidos em crimes, que têm seus contatos com autoridades, com a polícia. Nesse terreno é preciso ter um cuidado extraordinário.

P. O senhor foi ameaçado. Quem o quer morto?

R. Existem muitas pessoas prejudicadas com todas essas mudanças feitas pelas investigações, mas não posso apontar ninguém concretamente porque estaria cometendo uma injustiça. A imprensa brasileira publicou que eu estaria sendo vítima de uma investigação extraoficial.

P. Dizem que foi ordenada pelo ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, a quem o senhor enviou à prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.

R. Não posso confirmar porque existiram várias ameaças de morte a mim e à minha família. Não posso dar mais detalhes porque existem investigações abertas, mas digo que vivo com proteção policial no Rio e também quando viajo a outras cidades. Tenho proteção também em minha casa. Nossa vida [a de sua família] mudou muito. Eu não tenho liberdade para andar pela rua.

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