Fuga de dólares piora economia da Argentina, onde já falta alimento nos mercados

01 de Novembro 2020 - 05h00
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A fuga de capital estrangeiro e as medidas governamentais para conter a escassez de dólares pressionam ainda mais a economia da Argentina. Desde o início do ano, o país já perdeu US$ 4 bilhões em reservas internacionais – que somam hoje US$ 40 bilhões –, de acordo com o Banco Central argentino. O cenário já impacta a população cotidianamente. Faltam alimentos e itens básicos na capital e arredores.

Segundo analistas, as prateleiras vazias nos supermercados são reflexo das recentes políticas de controle cambial adotadas por Alberto Fernández. Em setembro, a autoridade monetária anunciou um novo imposto de 35% sobre gastos no cartão de crédito na moeda internacional. As compras no cartão também foram limitadas a US$ 200. As medidas devem continuar até 31 de dezembro.

Acostumados a usar o dólar como reserva financeira, os argentinos recorreram ao mercado de câmbio paralelo, levando a mais distorções entre a cotação oficial e a extra-oficial. "As pessoas compram moedas internacionais como forma de se protegerem, mas, no fim, isso gera mais problemas. Há desconfiança com os preços dos produtos, já que não se sabe exatamente como precificar algo diante das taxas cambiais”, afirma o ex-vice-ministro da Economia da Argentina, Daniel Marx. 

O descompasso do câmbio atinge diversos pontos do cenário macroeconômico, sendo a importação e venda de produtos um dos mais latentes. Com escassez de dólares, empresas, fornecedores e outras partes da cadeia têm dificuldade de repor as prateleiras dos mercados. “Alguns produtos sofrem com a logística por causa da pandemia, como os importados. Também há produtores que preferem não vender por causa das incertezas. Em algumas situações, é melhor manter o estoque do que vender e não conseguir repor", diz Marx.

Fonte: Jovem Pan