Fiern prevê crescimento econômico para o RN com acordo entre Mercosul e UE

03 de julho 2019 - 14h04
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O presidente do Sistema FIERN, Amaro Sales de Araújo, fez uma avaliação positiva do acordo fechado entre o Mercosul e a União Europeia. “É bom para o Brasil, o Rio Grande do Norte, a população, as empresas e os produtores”, afirmou, durante entrevista ao Jornal das 6, programa veiculado pela rádio 96 FM.

Ele lembrou que foram mais de duas décadas de diálogo para que se chegasse à formatação deste acordo. “Tem um trabalho de vinte anos. Houve toda essa discussão neste período. Imagine, em um acordo costurado por todo este tempo, quantas pessoas e opiniões relevantes foram ouvidas e dialogaram. Agora se chega ao veredicto final, com a formatação”, destacou Amaro Sales.

Ele disse que, particularmente para o Rio Grande do Norte, essa aproximação tem potencial de gerar negócios e crescimento econômico. “É uma oportunidade para o Estado, principalmente para os produtos que estão na nossa pauta de exportação. A fruticultura tem esse potencial, assim como a carcinicultura, pescados com atum e meca, além dos demais setores econômicos que já constam na pauta e outros que podem entrar e aproveitar essa chance, que deve ser firmar, afinal o mercado europeu tem possibilidades de negócios estimados em torno de R$ 10 bilhões”, acrescentou.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também destacou, nesta semana, que considerara que o resultado das negociações entre Mercosul e União Europeia vai criar oportunidades para produtos brasileiros. Em nota, a CNI informou que o acordo pode aumentar em quase US$ 10 bilhões para as exportações do Brasil para o mercado europeu, com potencial de criar 778,4 mil empregos. Os dois blocos, destacou o comunicado, formarão uma área de livre comércio que soma US$ 19 trilhões em Produto Interno Bruto (PIB) e um mercado de 750 milhões de pessoas.

Na avaliação da indústria, esse aumento nas exportações não é trivial. Entre 2012 e 2016, as exportações brasileiras para os europeus caíram de US$ 49,1 bilhões para US$ 33,4 bilhões. Registrou leve recuperação em 2017 e encerrou 2018 em US$ 42,1 bilhões. Desse total, 56% foram de bens industrializados. “Esse acordo pode representar o passaporte para o Brasil entrar na liga das grandes economias do comércio internacional”, escreveu o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, em nota oficial.

Quando o acordo estiver totalmente implementado, os produtos brasileiros terão acesso preferencial a 25% do comércio mundial com isenção ou redução do imposto de importação. Atualmente, os produtos brasileiros só têm isenção ou tarifas baixas em 8% dos mercados internacionais. A indústria também será beneficiada indiretamente pelo aumento esperado das exportações agropecuárias. Isso porque, conforme a CNI, o agronegócio consome R$ 300 milhões em bens industrializados no Brasil para cada R$ 1 bilhão exportado.

O acordo foi anunciado na sexta-feira, 28, em Bruxelas. Os países do Mercosul e da União Europeia formarão uma das maiores áreas de livre comércio do planeta a partir dessa negociação. Quando se considera o número de países envolvidos e a extensão territorial, o acordo só perde para o Tratado Continental Africano de Livre Comércio, que envolve 44 países da África e foi assinado em março deste ano.

O acordo de livre comércio eliminará as tarifas de importação para mais de 90% dos produtos comercializados entre os dois blocos. Para os produtos que não terão as tarifas eliminadas, serão aplicadas cotas preferenciais de importação com tarifas reduzidas. O processo de eliminação de tarifas varia de acordo com cada produto e deve levar até 15 anos contados a partir da entrada em vigor da parceria intercontinental.

Para os países do Mercosul, bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai (e Venezuela, que está suspensa), o acordo prevê um período de mais de uma década de redução de tarifas para produtos mais sensíveis à competitividade da indústria europeia. No caso europeu, a maior parte do imposto de importação será zerada tão logo o tratado entre em vigor.

Estimativas do Ministério da Economia indicam que o acordo representará um aumento do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país) brasileiro de US$ 87,5 bilhões em 15 anos, podendo alcançar até US$ 125 bilhões se forem considerados a redução das barreiras não tarifárias e o incremento esperado na produtividade. O aumento de investimentos no Brasil, no mesmo período, será da ordem de US$ 113 bilhões. Com relação ao comércio bilateral, as exportações brasileiras para a União Europeia apresentarão quase US$ 100 bilhões de ganhos até 2035.