FHC 92

26 de Junho 2023 - 13h43
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O texto deveria ter vindo à tona semana passada, mas percalços de saúde me impediram de terminá-lo e só agora o fiz.

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Fernando Henrique Cardoso foi um bom presidente, apesar de alguns escorregões como, entre outros, o patrocínio da emenda da reeleição para os chefes do executivo nas três esferas, com ele mesmo sendo beneficiado.

Como ministro da fazenda do presidente Itamar Franco foi o responsável por montar a equipe que elaborou o plano real, estabilizou a economia nacional e criou as condições para o crescimento econômico da primeira década do século XXI.

A inflação brasileira medida pelo IPCA, do IBGE, atingiu, em 1993, o incrível número de 2.553%.

O Brasil acostumou-se inicialmente com inflação alta e depois também com inflação descontrolada. Foram praticamente duas décadas assim. O quadro era caótico quando FHC lançou, em 1994, como ministro da fazenda, o plano real. Quatro anos depois, o país marcaria a menor taxa de inflação anual, 1,3%.

Quando Fernando Henrique Cardoso assumiu, em 1993, o ministério da fazenda do governo Itamar Franco, com a famosa equipe por ele formada, a situação mudou radicalmente.

A ideia original que pôs de pé o plano real era de Persio Arida e André Lara Resende e sucesso da empreitada alçou FHC a candidato presidencial, logo ele que chegou a pensar em se desincompatibilizar para se candidatar a deputado federal porque não conseguiria se reeleger senador.

A candidatura presidencial de FHC era, desde o início, refém do plano econômico elaborado por sua equipe econômica e a primeira pesquisa de intenção de voto, feita pelo Datafolha no final de maio de 1994, mostrava claramente que 45% dos seus eleitores tinham no Real a motivação para votar no tucano (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/6/05/brasil/16.html).

FHC foi eleito em primento turno e assumiu em janeiro de 1995, garantindo um rico período de avanços econômicos e sociais.

É preciso reconhecer os acertos, homenagear os que realizaram as mudanças. Programas sociais como o Bolsa-escola, o Auxílio-gás e o Bolsa-alimentação foram medidas importantes. Mas é preciso também corrigir erros eventuais para seguir em frente com as mudanças. 

O grande erro de FHC foi aprovar a emenda da reeleição, ainda mais para ele, o primeiro beneficiado medida que só fez mal à jovem e instável democracia republicana. O seu governo também foi infeliz ao realizar a desvalorização controlada da moeda. A medida saiu do controle e houve risco de a economia se desestabilizar, processo que resultou na perda de popularidade do presidente e atingiu a campanha de José Serra, seu candidato à sucessão presidencial 2002.

Alguém já disse que Fernando Henrique Cardoso foi o presidente mais terreno que tivemos, dos anos 1990 para cá. Depois dele tivemos um deus, uma mãe mitológica, um vampiro e um mito messiânico. Não à toa o Brasil desandou, apesar de um bom período durante os dois mandatos de Lula, no início deste século, em parte porque o petista manteve as bases erguidas pelo plano real no final do governo de Itamar Franco e nos dois mandatos do tucano que ora celebra 92 anos de vida.