Decadência em 20 anos: São Caetano vai da final da Libertadores à luta para sobreviver

30 de julho 2022 - 05h05
Créditos:

Fundado em 1989, o São Caetano levou pouco tempo para figurar entre os principais clubes do futebol brasileiro. Há 20 anos, em 31 de julho de 2002, o clube vivia o auge: disputava uma final de Libertadores da América contra o tradicional Olimpia, do Paraguai. E não podia imaginar que o cenário seria completamente diferente duas décadas depois.

Se naquela noite o torcedor chorou a perda de um título que estava praticamente ganho, mas podia vislumbrar novas conquistas, agora a luta é apenas para sobreviver: o São Caetano é um clube sem calendário nacional, rebaixado à Série A2, recém-despejado de sua sede social e com um presidente investigado e que chegou a ser preso. Foi do céu ao inferno em duas décadas.

A morte trágica de Serginho

A morte do zagueiro foi uma tragédia não só para o São Caetano, mas para todo o futebol brasileiro. No dia 27 de outubro de 2004, Serginho desabou no gramado do Morumbi, onde o Azulão enfrentava o São Paulo pelo Brasileirão, após uma parada cardiorrespiratória.  Após serem indiciados por homícidio doloso, o presidente do São Caetano, Nairro Ferreira, e o médico, Paulo Forte, acabaram absolvidos pelo Superior Tribunal Federal, que desqualificou a denúncia.

O Azulão foi punido esportivamente com a perda de 24 pontos no Brasileirão daquele ano. Mesmo assim, conseguiu se manter na elite. Nairo Ferreira ficou um ano afastado das atividades, enquanto Paulo Forte ficou dois anos sem poder excercer a função no futebol – ambas punições aplicadas na época pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

Mecenas garantiu sobrevivência

O São Caetano recebia doações da família Klein, fundadora da rede de lojas Casas Bahia. O nome mais influente no clube era Saul Klein, que deixou o dia a dia do Azulão em 2020, após desentendimento com Nairo Ferreira, presidente por mais de duas décadas – e que se afastou do futebol no ano passado.

Crise financeira

O desfecho do fim da parceria entre família Klein e São Caetano não foi positivo, principalmente para o clube. O auge da crise aconteceu em 2020, quando o Azulão acumulou mais de seis meses sem pagar salários para jogadores, fornecedores e funcionários.

Segundo Klein, foram doados pela família mais de R$ 80 milhões. No mesmo período, segundo ele, o São Caetano teria acumulado dívidas acima dos R$ 50 milhões. A troca de farpas entre investidor e cartola acabou encerrando a relação entre a família e o clube.

Rebaixamentos e ausência no Brasileiro

Desde que decidiu o título da Libertadores de 2002, o São Caetano foi rebaixado seis vezes. Foram três quedas no estadual e outras três no Campeonato Brasileiro.

Presidente preso e despejo da sede

Em maio deste, Manoel Sabino Neto, atual presidente do São Caetano, foi preso durante operação da Polícia Civil que investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro e outros delitos no comércio popular de São Paulo, localizado na região do Brás.

Recentemente, o São Caetano teve que desocupar a antiga sede social, localizada no complexo que abriga o estádio Anacleto Campanella. Segundo a prefeitura de São Caetano do Sul, o pedido de reintegração de posse foi feito após o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo vetar o uso de espaços públicos por clubes de futebol.

Com informações do Globo Esporte