Dácio Galvão visita produção poética de Câmara Cascudo em novo livro

22 de Maio 2019 - 08h37
Créditos:

Reverenciado como um dos maiores estudiosos das manifestações culturais populares e tradições brasileiras, o mestre Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) também se aventurou na criação poética quando era um autor jovem, na década de 1920. Esta faceta pouco conhecida do historiador e etnógrafo, como autor e leitor de poesia que flertava com o Modernismo e as vanguardas dos anos 20, ganha destaque com o lançamento do livro “O Poeta Câmara Cascudo – Um Livro no Inferno da Biblioteca”, do escritor e gestor Dácio Galvão.

A publicação chega ao leitor através do Selo Fecomércio e será lançada no próximo dia 30 de maio, às 18h30, no Salão de eventos do Sesc Rio Branco, av. Rio Branco, 375, Cidade Alta.

“O Poeta Câmara Cascudo – Um Livro no Inferno da Biblioteca” traz encartado uma nova tiragem do álbum “Brouhaha”, com versos de Cascudo musicados por grandes nomes da MPB, além de posfácio do professor da USP e estudioso de Cascudo, Marcos Silva.

No livro, Dácio Galvão relaciona Cascudo com as vanguardas nacionais e internacionais da época e sua aproximação com o primeiro time do Modernismo. Aprofunda os laços do intelectual potiguar com Mário de Andrade, e se debruça em aspectos pouco esmiuçados em estudos anteriores, como a aproximação de Cascudo com Oswald de Andrade e sua admiração pela poesia do norte-americano Walt Whitman, de quem traduziu poemas.

Na curta produção poética cascudiana, Dácio analisa flertes com a poesia japonesa, o jazz e outras linguagens. E mais leituras que influenciaram poemas como “Não Gosto de Sertão Verde” e “Kakemono”, dentro outros. Também publica, pela primeira vez, os manuscritos dos poemas “1, 2 e 3”, “Não Gosto de Sertão Verde”, “Smimmy”.  Entre as observações, revela o pioneirismo de Cascudo na experimentação no campo da poesia visual, antes de Jorge Fernandes — poeta potiguar que é referência modernista.

Vale lembrar que Cascudo não lançou livros de poemas, preferiu deixa-los ocultos de todos, exceto para os amigos Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Manoel Bandeira e Joaquim Inojosa com os quais se correspondia. Sobre isso, o livro  aborda por que Cascudo interrompeu sua produção poética, voltando a escrever um último poema já nos anos 1950. Consta que um dos motivos que tentam explicar a não publicação do livro foram as críticas feitas por Mário de Andrade aos quatro primeiros poemas produzidos por Cascudo, confirmadas nas correspondências entre Mário a Cascudo e publicadas na recente biografia de Mário de Andrade.

“...Um Livro no Inferno da Biblioteca” nasceu a partir da coletânea sonora “Brouhaha”, organizada por Dácio Galvão à época em que era curador do selo Nação Potiguar, em 2008. O disco põe os versos inéditos de Cascudo nas vozes e intervenções de diversos cantores, compositores e instrumentistas brasileiros. O trabalho “provocou” um mergulho mais aprofundado com uma tese de doutorado apresentada por Dácio, em 2012, que agora chega em formato de ensaio. O livro lançado próximo dia 30 traz anexo o CD Brouhaha: Câmara Cascudo Poeta e Leitor de Poesia.