
O agravamento dos ataques entre Israel e Irã desde a última sexta-feira (13) já pressiona o mercado internacional de petróleo e acende o alerta para possíveis impactos no preço dos combustíveis no Brasil, especialmente no Nordeste e no Rio Grande do Norte.
Segundo Maxwell Flor, presidente do Sindipostos-RN, os primeiros reflexos já são sentidos. “Infelizmente, desde o sábado (14) a gente tem percebido aumentos por parte das distribuidoras para alguns revendedores. Como a Refinaria Clara Camarão praticamente importa 100% dos produtos que ela vende aqui de combustíveis, com exceção do querosene de aviação, que ela produz realmente aqui, é inevitável que, com essa escalada do barril de petróleo, esse preço também se reflita no nosso dia a dia”, afirma.
A decisão de repassar ou não o aumento, segundo ele, é de cada posto. “Quando o aumento é pequeno, a tendência é que a revenda absorva, mas quando o aumento é maior, fica complicado o revendedor absorver esse reajuste e ele acaba tendo que repassar”, explica. O dólar também influencia a formação do preço final.
Para o economista Helder Cavalcanti, do Corecon-RN, o maior risco é a continuidade do conflito. “Há uma possibilidade desse conflito se reverter. Caso ele ganhe continuidade, a preocupação maior é em função do Irã ser integrante da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Atualmente ele é o presidente dessa organização e tem uma produção cerca de 12% de todo o petróleo que é exportado no planeta”, destaca.
Desde o início das ofensivas, os ataques entre os dois países têm escalado, atingindo instalações de energia e combustíveis.
Helder lembra que o Brasil, apesar de produtor, ainda é dependente de petróleo refinado e de transporte rodoviário. “Podemos ganhar na venda para o mercado externo, mas temos um problema que é a nossa demanda interna. Vai acontecer realmente a elevação dos preços, mas é tudo ainda dependente desse conflito ganhar as proporções de continuidade efetiva”, afirma. No Norte e Nordeste, os custos logísticos tornam o impacto ainda mais provável.
Até o momento, não há registro de desabastecimento no RN. O fornecimento segue pelas bases de Cabedelo (PB), Suape (PE) e pela refinaria Clara Camarão, segundo o Sindipostos-RN.
Procon monitora reajustes
O Procon Natal acompanha os preços para evitar abusos. Na última pesquisa, de 11 de junho, foi registrada queda nos valores: a gasolina comum caiu 5,35%, passando para R$ 5,92; o diesel comum recuou 4,67%, chegando a R$ 5,95.
“Acompanhamos o mercado local para identificar possíveis práticas abusivas que impactem o consumidor. A nossa última pesquisa apontou uma redução nos preços, reflexo do próprio movimento de mercado. Até o momento, não há sinal concreto de alta generalizada, mas seguimos monitorando, porque o cenário é dinâmico e pode mudar”, afirma Dina Pérez, diretora do Procon Natal.
A alta só é considerada abusiva quando ocorre sem justificativa vinculada às distribuidoras ou às refinarias. Denúncias podem ser feitas pelo telefone (84) 3232-6189, e-mail [email protected] ou presencialmente na Rua Ulisses Caldas, 181, Cidade Alta.
Com informações da Tribuna do Norte