Anielle atribui tragédias das chuvas no Rio a “racismo ambiental”

15 de Janeiro 2024 - 03h10
Créditos: José Cruz/Agência Brasil

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, disse estar acompanhando os efeitos das fortes chuvas que atingem o Rio de Janeiro desde a noite de sábado (13.jan.2024).

Anielle também afirmou que as “iminentes tragédias” decorrentes do temporal –que até a tarde deste domingo (14.jan) já matou 11 pessoas– são fruto dos “efeitos de racismo ambiental e climático”.

A fala da ministra repercutiu nas redes sociais. Dentre as pessoas que comentaram o termo está o advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Fabio Wajngarten.

“Alguém me explica o que é ‘racismo ambiental e climático’? É da mesma série do racismo dos estádios em final de campeonato?”, questionou.

A fala é em referência ao episódio em que uma assessora do Ministério da Igualdade Racial disse que a torcida do São Paulo era formada por “descendente de europeu safade” durante o 2º jogo da final da Copa do Brasil contra o Flamengo, no Morumbi, em setembro de 2023. A assessora foi demitida posteriormente. 

Além de ministra, Anielle faz parte do Conselho de Administração da indústria metalúrgica Tupy desde o final de agosto. Somando os recebimentos no conselho (R$ 36.115) com o salário como ministra (R$ 41.650), Anielle tem remuneração mensal de R$ 77.765, podendo chegar a até R$ 87.526.

O que é racismo ambiental

Myanna Lahsen, antropóloga e pesquisadora da Divisão de Impactos, Adaptação e Vulnerabilidades do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) disse ao Poder360 que o termo se refere à relação entre o espaço e a vulnerabilidade em caso de desastres naturais. 

“Significa que quem está mais exposto aos riscos de fenômenos naturais são pessoas pobres –que são majoritariamente pretas e pardas– que moram em locais mais vulneráveis e sem infraestrutura para se proteger contra os elementos como enchentes e deslizamentos.”

Para a pesquisadora, as mudanças climáticas e os eventos extremos resultantes da atividade humana devem ficar mais intensos. “As tendências para esses eventos aumentaram com as mudanças climáticas. Junta isso à desigualdade pré-existente e quem paga a conta com a vida e as perdas são as pessoas que menos aguentam- as mais pobres”.

No Rio, as chuvas afetaram diversas regiões, inclusive áreas nobres, como a Zona Sul.

Segundo o sistema Alerta Rio, a região da Zona Norte foi a mais afetada pelo temporal. A estação meteorológica do bairro Anchieta atingiu o acumulado de 259,2 milímetros de chuva no período de 24 horas, o recorde em toda a série histórica da estação (iniciada em 1997).

Com informações do Poder360