Zolpidem: Fernando Zor diz que tomava 15 comprimidos por dia; veja riscos

16 de Abril 2023 - 10h38
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Fernando Zor, da dupla com Sorocaba, disse que tomava por dia até 15 comprimidos de zolpidem, remédio para induzir o sono. Em entrevista ao "É de Casa" (TV Globo), ele contou usar o medicamento para "amenizar as angústias" em uma época em que teve depressão.

Zor ficou internado por sete dias no início deste mês para começar a tratar a dependência química. Isso aconteceu após ele ter uma crise de ansiedade durante a conexão de um voo para Vancouver, quando ia visitar a filha que mora no Canadá. O sertanejo misturou o zolpidem com bebida alcoólica e não conseguiu seguir viagem. "Foi a pior experiência da minha vida", afirmou.

"Faz um bom tempo que eu faço o uso do zolpidem para dormir. Teve uma época que eu entrei em depressão, tive muitas angústias e eu acabava tomando zolpidem para amenizar. Usava talvez uns 15 comprimidos por dia porque durante o dia, às vezes, eu estava angustiado e tomava o remédio para relaxar." - Fernando Zor

Para que funciona e como age o zolpidem?

  • O zolpidem é um hipnótico não benzodiazepínico do grupo das imidazopiridinas: essas substâncias agem nos centros do sono que estão localizados no cérebro. É por isso que o medicamento pode ser indicado para pessoas com dificuldade para dormir.
  • A substância só pode ser comercializada sob prescrição médica.
  • Uma das principais características do zolpidem é a rápida ação. A substância começa a agir no organismo em cerca de 30 minutos.
  • Os objetivos do medicamento são: encurtar o tempo da pessoa pegar no sono e reduzir o número de vezes que ela acorda durante a noite.
  • A duração do tratamento deve ser a menor possível: não deve ultrapassar 4 semanas, assim como todos os hipnóticos. A recomendação é que a causa primária da insônia seja identificada sempre que possível e seja tratada antes da prescrição de um hipnótico.

Quem não pode tomar o zolpidem?

  • Grávidas ou lactantes;
  • Crianças;
  • Pessoas com insuficiência respiratória severa e/ou aguda (dificuldade respiratória);
  • Pessoas com insuficiência do fígado severa;
  • Pessoas alérgicas a qualquer componente do medicamento.

Risco de alucinações e dependência

Fernando Zor toma o remédio há quatro anos e, há dois, passou a usá-lo com maior frequência e em doses maiores do que as prescritas por seus médicos.

"Se não apagar a luz, ele dá um efeito alucinógeno. Se ficar no celular, então, aí que o sono vai embora. Você fica com vontade de falar com todo mundo, promete as coisas. Realmente deixa você com a sensação de que tudo está resolvido."

O cantor teve problemas de memória e de consciência pelo uso excessivo do zolpidem. Segundo Zor, quando está "gatilhado" por algum problema, "você acaba fazendo besteira" usando o remédio. "Vi que estava atrapalhando também os meus shows. Músicas que eu estava acostumado a cantar desde criança, de dar um apagão assim, de esquecer a letra e eu percebi que isso era por causa do zolpidem."

Isso é comum?

O perfil de tolerabilidade do remédio é considerado alto e as reações adversas graves geralmente são mais raras, segundo Gabriel Freitas, consultor do CFF (Conselho Federal de Farmácia) e professor de ciências farmacêuticas da UFPB (Universidade Federal da Paraíba).

Mas existem alguns fatores que podem aumentar o risco de uma pessoa sofrê-las:

  • Os efeitos colaterais do zolpidem são determinados pela dose do remédio. Ou seja: quanto maior ela for, maiores serão também as reações adversas.
  • Altas doses de zolpidem também estão associadas a um aumento no risco de dependência, especialmente entre pessoas que apresentam risco, histórico de abuso ou dependência de outras substâncias.
  • Idosos acima de 65 anos ou pacientes debilitados têm maior risco de desenvolver reações adversas. No primeiro grupo, por exemplo, a bula do remédio afirma que a dosagem não deve exceder 10 mg por dia.
  • Misturar zolpidem com bebidas alcoólicas ou com medicamentos contendo álcool contribui para efeitos indesejados. O álcool intensifica a ação sedativa e hipnótica, afetando a capacidade de vigilância e aumentando o risco de acidentes ao dirigir ou na operação de máquinas, por exemplo.
  • Segundo a bula do medicamento, outro fator de risco são as interações medicamentosas. O uso concomitante de zolpidem com antipsicóticos (neurolépticos), hipnóticos, ansiolíticos/sedativos, agentes antidepressivos, analgésicos narcóticos, drogas antiepiléticas, anestésicos e anti-histamínicos pode aumentar a sonolência e o comprometimento psicomotor.

Alerta

Sedativos e hipnóticos como o zolpidem podem causar perda da memória para fatos que aconteceram logo após o uso do medicamento (a chamada "amnésia anterógrada"). Pela bula, isso geralmente ocorre algumas horas após a administração. Por isso a recomendação é tomá-lo sempre imediatamente antes de deitar.

Se o medicamento causar sonambulismo ou outros comportamentos incomuns (como dormir enquanto dirige ou faz uma ligação, por exemplo), além de episódios de delírio —na manhã seguinte a pessoa não lembrar o que fez durante a noite—, é preciso interromper o tratamento e que o paciente procure o seu médico.

Com informações do Viva Bem - UOL