VP-52: O primeiro esquadrão americano em Natal

11 de Dezembro 2023 - 21h03
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Muitas pessoas perguntam “quando foi que os americanos chegaram a Natal no contexto da segunda guerra mundial”? E a maneira mais simples de responder seria: “ora, foi durante a segunda mundial”.

Contudo essa resposta não é tão simples assim. Cronologicamente, o conflito tem dura de 1939 a 1945, considerando como marcos a invasão da Polônia pelos alemães e a rendição japonesa aos aliados, respectivamente. Se considerar a participação brasileira, o início tem duas datas, sendo a primeira delas janeiro de 1942 com o rompimento de relações com a Alemanha de Adolf Hitler e a outra seria agosto do mesmo ano, quando o governo Getúlio Vargas declarou o estado de beligerância. Entretanto, havia a presença de militares americanos no Brasil antes da entrada oficial do país no conflito (confira mais sobre o assunto aqui).

Portanto, oficialmente e de acordo com os registros da época, em 11 de dezembro de 1941 chegou na estação de passageiros da Pan Am – atual Complexo Cultural Rampa – e base naval americana de hidroaviões, o primeiro esquadrão e efetivo militar declarado dos Estados Unidos (EUA), em Natal. Tratava-se do VP-52 (Patrol Squadron 52), equipado com seis aeronaves “PBY-5 Catalina”, pilotos, tripulantes e mecânicos, além de um contingente de 50 fuzileiros (saiba mais aqui).

Esse fato é muito importante não apenas para Natal mas para a maneira como se conta a história, tendo em vista que apenas três dias antes o presidente Franklin Delano Roosevelt tinha declarado guerra ao Japão, em 8 de dezembro, e no dia 7, havia ocorrido o infame ataque à Pearl Harbor. Então, como um esquadrão inteiro poderia ser alertado e deslocado para um país estrangeiro, vencendo a distância de mais de 6 mil quilômetros e as barreiras diplomáticas? A resposta envolve uma teoria da conspiração que há anos é discutida, ou seja, os EUA sabiam que seriam atacado e começaram a se planejar antes de Pearl Habor. Contudo, como o próprio nome diz, é uma teoria.

Os fatos são que, a presença militar dos americanos em Natal antes de 1942 se deu por dois motivos. Inicialmente pela construção da base de Parnamirim Field, por meio do projeto de infraestrutura da Pan Am, denominado por Airport Development Program (ADP), que utilizava engenheiros militares disfarçados de civis, pois estavam a serviço da Força Aérea do Exército dos EUA, ajudando no transporte de aeronaves para países aliados, em especial Inglaterra.

Outro motivo, era o acordo diplomático internacional, formatado na Conferência Interamericana de Havana (1940), que deliberou o documento “Assistência Recíproca e Cooperação para a Defesa das Nações Americanas”, no qual contava que: "um atentado de um Estado não americano contra a integridade ou a inviolabilidade do território, soberania ou independência política de um Estado americano seria considerado um ato de agressão contra todos”.

Com isso, a Marinha dos Estados Unidos por precaução providenciou meios aéreos para patrulhar o Atlântico e escoltar os comboios marítimos, que vinham sendo atacados por U-boots alemães, sendo com maior intensidade no Sul a partir de 1942. Esse acordo foi ratificado com a criação da Junta Interamericana de Defesa (JID), na Conferência Interamericana do Rio de Janeiro (Março, 1942).

O VP-52 permaneceu apenas cinco meses em Natal, sendo substituído pelo pessoal do VP-83 (Saiba mais aqui), retornando às terras norte-americanas. Em maio de 1943, eles seguem para o Oceano Pacífico, onde atuariam no decorrer da guerra, defendendo inclusive o arquipélago de Pearl Habor. Eles fizeram história ao realizarem ataques noturnos, por isso, ganharam o apelido de “Gatos Negros” (Black Cats).

Nota do editor: Vale lembrar que desde março de 1941 já existiam técnicos dos EUA trabalhando na construção da Rampa e Parnamirim, identificados como ADP. Ao oficializar a presença militar, os mesmos técnicos passaram a usar fardas, pois já eram ligados Exército americano.

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