Verba da Saúde gera troca de acusações de corrupção entre Lindbergh e ex-PT

10 de Abril 2024 - 06h14
Créditos: Mario Agra/Câmara dos Deputados

A injeção de R$ 55,4 milhões do Ministério da Saúde em Cabo Frio (RJ) --cidade estratégica para o PT no RJ nas eleições deste ano-- provocou uma troca de acusações de corrupção.

Sem apresentar provas, o deputado Lindbergh Faria (PT-RJ) acusou hoje (9) o ex-petista Rafael Peçanha de "receber mesada" de um político bolsonarista. O parlamentar também chamou Peçanha, pré-candidato da Rede à Prefeitura de Cabo Frio, de "canalha".

O PT decidiu descartar Peçanha e apoiar a ex-bolsonarista Magdala Furtado (PV) à reeleição no município, onde Bolsonaro teve 66,7% dos votos e Lula 33,3% nas últimas eleições.

Por sua vez, Peçanha disse ao UOL que Lindbergh teve "55 milhões de motivos ou 20% disso" para trocar o apoio ao seu nome pelo da prefeita Magdala, em referência ao valor enviado à Cabo Frio pela Saúde, ministério controlado pelo PT.

Peçanha tampouco apresentou provas sobre a insinuação de corrupção contra Lindbergh.

Após a liberação dos recursos para Cabo Frio, Magdala nomeou o filho da ministra Nísia Trindade (Saúde) como secretário municipal de Cultura. A prefeita também trocou o PL pelo PV e recebeu apoio do PT à sua reeleição.

"Esse tipo de ataque desrespeitoso contra minha trajetória só mostra que esse rapaz não tem trânsito na esquerda. Vou processá-lo. Todos nós sabemos que ele está a serviço do Dr. Serginho [deputado estadual pelo PL] e recebe uma mesada para isso. Eu quero que ele me processe que eu vou contar quem me disse isso. É um canalha que nunca deveria ter entrado no PT", afirmou Lindbergh, sem dar mais detalhes.

Procurado, Dr Serginho, líder do governo Claudio Castro (PL) na Alerj (Assembleia Legislativa do RJ), disse que a acusação do petista "não merece nem resposta".

Lindbergh disse que o presidente Lula (PT) subirá no palanque da ex-bolsonarista Magdala e pediu aos petistas insatisfeitos que "saiam do partido".

Como mostrou a coluna, Magdala se filiou ao PV em fevereiro, dois dias depois de se reunir com Lula no Palácio do Planalto. No encontro, Lula garantiu apoio do PT ao nome dela.

"Não pode num dia dizer que está com Bolsonaro e no dia seguinte estar filiado ao PV, sem conversar com as lideranças locais. Algum interesse escuso aconteceu aí. Você pode mudar de opinião na vida e na política, mas de uma hora para outra e por motivos estranhos é de se questionar", afirmou Peçanha à reportagem.

"O [deputado federal do PT] Lindbergh [Farias] veio aqui, abraçou, declarou apoio [à minha candidatura] e algumas semanas depois estava concordando com o movimento do PV em relação à Magdala. Ele deve ter 55 milhões de motivos ou 20% disso", complementou, também sem dar detalhes sobre a insinuação.

Com informações do UOL