
A Universidade Potiguar (UnP) emitiu um comunicado aos alunos em que informa que as aulas práticas obrigatórias dos cursos de graduação serão retomadas a partir a partir de 13 de julho (Leia abaixo).
Atualmente, o decreto que determina a suspensão das aulas no Rio Grande do Norte vence em 1º de julho, mas pode ser renovado, como já afirmou a governadora em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (24).
O comunicado da Universidade provocou revolta nos alunos. Os estudantes do 9º período do curso de Odontologia da instituição redigiram uma nota conjunta em que reclamam da intenção da UnP de retomar as aulas práticas mesmo ainda em período de pandemia.
Leia a íntegra da nota escrita pelos estudantes do 9º período de Odontologia:
NOTA À SOCIEDADE POTIGUAR
Um grupo de 128 alunos concluintes do curso de Odontologia da Universidade Potiguar contrários ao retorno prematuro das aulas práticas presenciais vêm a público alertar a sociedade quanto à intenção da Universidade Potiguar em retomar as aulas do semestre letivo do curso de Odontologia no dia 01 de julho de 2020, mesmo que ainda dentro do período de pandemia de Covid-19 que assola o Estado do Rio Grande do Norte.
Em reunião na data de 23 de junho de 2020 com a coordenação do curso os concluintes foram informados da possibilidade de retomada das atividades acadêmicas, já tendo sido publicado neste corrente mês um documento chamado de “plano de retomada das aulas” o qual juntamente com vídeos que circulam nos grupos de Whatsapp demonstram esta intenção.
A base da proposta de retomada das aulas é a tentativa de enquadramento do último ano do curso de odontologia como atividade “essencial”, alegando que o serviço prestado pelos alunos através das práticas de Aulas clínicas está dentre as exceções previstas nas normas vigentes, porém trata-se de um estágio supervisionado dentro de uma instituição de ensino, onde somos alunos e não profissionais de odontologia, ou seja, não nos enquadramos nessa exceção prevista.
O ponto de divergência entre este grupo de alunos e a universidade potiguar está nesta tentativa de interpretação de conveniência da lei por parte da Universidade Potiguar e no questionamento das condições de biossegurança para todos os presentes nas clínicas odontológicas, sejam alunos, professores, servidores e principalmente pacientes neste momento de colapso do sistema de saúde.
Também é de conhecimento o aluno que atender ao chamado da Universidade para o retorno às aulas deverá assinar um termo de responsabilidade, termo este que intenciona a isenção de responsabilidades da universidade sobre as consequências do risco de contaminação, ou seja há um plano para os alunos que aceitarem a retomada e assumirem as consequências, mas não há qualquer sinalização para aqueles que não se submeterem ao retorno.
O retorno do exercício acadêmico da prática odontológica vai implicar na obrigatória utilização da caneta de alta rotação refrigerada em vários procedimentos, a qual produz um spray de gotículas originados de dentro da cavidade oral dos pacientes e que possui alto poder de disseminação do vírus Sarcov-2.
Outro aspecto importante está no risco dasinstalações coletivas da universidade para o momento. Diferente de um consultório individual que possui limites físicos para o espalhamento das gotículas, isolando momentaneamente cada atendimento, as clínicas odontológicas da UNP são um grande ambiente refrigerado por condicionadores de ar de alta potência os quais podem formar uma massa crítica significativa dotada de elevado potencial de contaminação e disseminação do Covid-19 para todos os presentes e para aqueles os quais a carga de ventilação seja enviada para outros ambientes da Universidade. Isto é um ponto de preocupação importante para este grupo.
Informamos à sociedade que os alunos aqui assinados intencionam o retorno às aulas com brevidade para o alcance do sonhado diploma, porém são solidários ao povo potiguar que enfrenta tamanha pressão sobre o sistema de saúde frente a pandemia que aqui no RN atualmente se apresenta em pico.
Estes aqui assinados entendem que não há, neste momento de pico pandêmico, espaço para ampliação do risco de contaminação, mesmo que a convivência com o Sarscov-2 seja uma nova realidade a ser enfrentada pelos profissionais de saúde agora e no futuro.
Destacamos também as tentativas do alunado de adiantamento de disciplinas teóricas por metodologias Web para manutenção das atividades acadêmicas neste período e o retorno às atividades em momento mais distante deste ponto crítico da pandemia, porém não há qualquer manifestação de interesse em outra possibilidade diferente da breve retomada.
Assim, por meio desta, alertamos às autoridades constituídas do potencial risco para ampliação dos casos de covid-19 quando da antecipação da retomada das aulas clínicas presenciais.
Por fim, nós alunos, estamos à disposição da sociedade para esclarecimentos e da Universidade Potiguar para dialogar, a fim de que haja o devido reconhecimento das condições de saúde que passa o Estado do Rio Grande do Norte neste momento, juntamente com a devida adequação das atividades acadêmicas.
Natal, 24 de junho de 2020.
Comissão de alunos do 9º período de Odontologia, UNP.