'Sanções matam mais do que a própria pandemia', diz embaixador do Irã no Brasil

31 de Março 2020 - 06h03
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Em sua primeira entrevista a um jornal brasileiro, o novo embaixador do Irã no Brasil, Hossein Gharibi, afirma que a capacidade de atuação das autoridades iranianas no combate ao coronavírus é prejudicada pelas sanções econômicas aplicadas pelos Estados Unidos.

Gharibi, que chegou a Brasília há menos de um mês, diz que não há dinheiro para comprar materiais e equipamentos médicos. Apesar do elevado número de óbitos, ele explica que as dificuldades financeiras impedem o governo iraniano de "se dar ao luxo" de impor uma quarentena no país. 

Na semana passada, o Ministério da Saúde do Irã divulgou uma notícia triste: a cada dez minutos, uma pessoa morre de coronavírus. A que o senhor atribui essa realidade?

Segundo a OMS, o Irã está à frente na batalha contra o coronavírus e, de longe, é o país mais atingido no Oriente Médio. A capacidade de recuperação do Irã está prejudicada pela falta de materiais e equipamentos médicos, além da escassez de recursos financeiros necessários para a aquisição destes. Sanções ilegais, em flagrante violação da Resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU e sob o pretexto de uma campanha de pressão máxima por parte do governo dos EUA, são a principal causa. As sanções matam mais do que a própria pandemia.

Como as sanções econômicas impostas pelos americanos dificultam o combate à doença no seu país? O Irã vem recebendo ajuda de quais países?

Esta situação se agrava devido à dificuldade de acesso à compra destes materiais e equipamentos médicos, e como todos sabem, as sanções ilegais impostas à nação Iraniana pelos EUA é o que nos impedem de dirimir este problema emergencial. Não só comprar, como também receber ajuda dos países amigos. A China nos enviou a maior ajuda até o momento. Outros países, como os da União Europeia, Japão, Qatar e Rússia, também nos estenderam a mão neste momento.

O Globo