Projetil encontrado no RN é utilizado pelo Exército desde a segunda guerra

18 de Março 2023 - 12h00
Créditos:

No dia 1º de março, o esquadrão antibombas do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio Grande do Norte (Bope / PMRN) foi acionado para cumprir uma missão especial na comunidade Dom Marcolino, na cidade de Barra de Maxaranguape, a 50 km de Natal. Tratava-se de um artefato explosivo localizado por populares e que precisou ser desarmado, conforme consta no perfil oficial da PM no instagram.

Nos últimos dias, leitores enviaram mensagens perguntando se era algo relacionado à Segunda Guerra ou até mesmo bomba de avião da Força Aérea Brasileira (FAB), tendo em vista a proximidade do estande de tiro do órgão, no município de Pureza.

Pelas imagens divulgadas pela PM, era um projétil de 105 milímetros (mm) utilizado pelo Exército Brasileiro (EB) nos canhões leves rebocados, os “Obuses”. Esse tipo de armamento é amplamente utilizado no RN pelo 17º Grupamento de Artilharia e Campanha (17GAC) que também mantém próximo da localidade um campo de instrução.

A princípio não é um projétil do período da Segunda Guerra, apesar desse tipo ter sido utilizado à época, inclusive pelas tropas da Força Expedicionária Brasileira (FEB), na Itália, entre 1944 e 1945, quando a artilharia divisionária foi dividida em quatro Grupo de Obuses (GO), totalizando 66 canhões. Tanto o 1º, como o 2º e o 3º utilizavam o calibre 105 mm, com 12 peças de artilharia cada. Já o 4º GO contava com o calibre 155 mm.

Desde 1961, o 17GAC tem em seu arsenal de guerra os “obuses” M101 (ou M2A1), guarnecidos em Natal, às margens do Rio Potengi, ocupando a área onde foi a sede do Sindicato Condor no pré-guerra e parte da base da U.S. Navy, na guerra.

De acordo com a ficha técnica disponível no site da Indústria Brasileira de Material Bélico (Imbel), o projetil 105 mm pesa mais de 18 quilos, quando em sua capacidade de tiro, ou seja, projetil mais a carga propelente, mede cerca de 78,8 centímetros. Ao ser disparado, o projetil deixa a câmara do canhão leve e a carga, com alcance de até 11.200 metros (11,2 km) e velocidade de 465 m/s (1.674 km/h). Esses armamentos têm vários fins operacionais, desde lançar fumaça no campo de batalha para proteger aliados ou sinalizar com luz uma noite escura e revelar os inimigos. Contudo, o tipo mais conhecido é a artilharia com explosivo TNT, capaz de inutilizar carros de combate e edificações, e raio de destruição superior a 30 metros.

Armada com até 2 kg de TNT, a peça se torna um risco para as tropas inimigas e para quem se deparar com ela. Por isso, a necessidade de chamar o esquadrão antibombas, que fez a inutilização da carga.

Por se tratar de um armamento de guerra e de uso restrito, o blog entrou em contato com a 7ª Brigada do Exército, sediado em Natal/RN, para saber se o procedimento de desativação seguiu os protocolos indicados e se era possível identificar o período em que o projetil foi utilizado. Não tivemos resposta.

Nota do editor: Esse artigo começou a ser produzido antes do dia 14/03, quando tiveram início os ataques criminosos no RN, portanto, não tem relação com os ataques até então.