
"(O desgaste) Foi o que nos fez em três anos ter muito cabelo branco, muitos exames feitos para entender o que se passa no coração. Períodos difíceis de saúde mesmo, não só física como mental."
"Já falei no último jogo, e as pessoas não querem saber disso."
"Resta pensar muito bem sobre o que quero. Futebol aqui não dá saúde a ninguém. Olhem para mim agora e olhem há três anos. Alguma coisa vai ter que mudar."
Abel Ferreira já deu mais uma mostra ontem, depois da vitória diante do Athletico Paranaense, do que vem alertando desde a eleição de Leila Pereira como presidente do Palmeiras: não quer pensar em renovar seu contrato até 2027, como a dirigente ofereceu.
O Palmeiras já fez 67 partidas na temporada, o que revolta o técnico.
"A quantidade de jogos seguidos... Não há milagre. Claro que tem a ver com o lado físico também. Uma série de jogos com dois dias de recuperação e viagens. Já falamos muito sobre isso. Sempre foi assim e vai continuar.
"Se querem ajustar, muda-se. Não gosto, é insano para todos. Jogadores, profissionais, árbitros..."
O treinador já faz parte da Comissão Técnica mais bem paga do Brasil.
São 500 mil euros por mês. O que significa R$ 2,6 milhões a cada 30 dias.
Mas o técnico se mostra cansado, estressado. O português foi ex-jogador e faz questão, até por pedido dos seus familiares, de se submeter aos exames periódicos que os atletas palmeirenses fazem.
Abel estudou a vida de Telê Santana, de quem é fã assumido. A seleção brasileira de 1982, que disputou a Copa da Espanha, o fascina. O treinador sabe quanto o técnico se dedicava ao trabalho, chegando a morar por anos no Centro de Treinamento da Barra Funda quando dirigia o São Paulo.
Abel foi bem sincero em um encontro que teve como Renê Santana, filho de Telê, há três meses. Ele ouviu sobre os métodos de trabalho do excelente treinador. Assim também como seu fim de carreira precoce, com isquemia cerebral. O desgaste, o estresse, a pressão que Telê sofreu podem, e devem, ter contribuído para a triste doença, que o afastou do futebol.
"(O Abel) Tem as precauções que não tinha na época do Telê, mas hoje já existe sua plena comissão técnica, uma psicóloga junto, que é tão importante quanto um fisioterapeuta, um fisiologista. Ter a saúde mental em dia.
"O excesso de jogos que causa a profissão e todos nós precisamos fazer uma campanha para que não se vão talentos, como o Abel, como o Telê, que foi precoce, ainda tinha uma carreira a seguir, mas teve de abandonar a carreira pela saúde. Temos de cuidar essa relação geral, que já é estressante com um líder de uma comissão", disse Renê, em entrevista, em Belo Horizonte.
Abel Ferreira já está disposto a ir para a Europa no fim de 2024, mas pensa em outras fórmulas de se poupar na próxima temporada.
Com informações do R7