
O ex-comandante do Exército, general da reserva Júlio César de Arruda, negou nesta quinta-feira (22), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que tenha discutido qualquer plano de golpe de Estado com o general de brigada Mário Fernandes às vésperas da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Arruda foi ouvido como testemunha de defesa do tenente-coronel Mauro Cid, no inquérito que apura a tentativa de golpe atribuída ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo Arruda, houve uma reunião com Mário Fernandes em 28 de dezembro de 2022, mas sem qualquer conversa sobre impedir a posse de Lula. O general também desmentiu ter expulsado Mário e dois coronéis de seu gabinete, conforme relatado por investigações anteriores. Mário é apontado como o autor do plano golpista batizado de "Punhal Verde e Amarelo". A informação é da Jovem Pan com informações de Estadão Conteúdo.
Arruda ficou apenas 21 dias no comando do Exército no governo Lula e foi substituído após uma série de desentendimentos com o Palácio do Planalto. Entre os episódios que pesaram contra ele, estão a resistência em permitir a prisão de bolsonaristas acampados em frente ao QG do Exército durante os atos golpistas de 8 de janeiro e a demora em exonerar Mauro Cid, nomeado para chefiar um batalhão em Goiânia.
Durante o depoimento, o general negou que tenha impedido a ação da Polícia Militar do DF contra os acampados no dia da invasão às sedes dos Três Poderes. Também disse não lembrar de ter ameaçado o então comandante da PM-DF, coronel Fábio Vieira, com a frase: “O senhor sabe que a minha tropa é um pouco maior que a sua, né?”, conforme relato anterior do militar.
Além de Arruda, prestaram depoimento outros militares ligados à ajudância de ordens da Presidência e colegas de formação de Mauro Cid. Todos disseram desconhecer qualquer plano de golpe e elogiaram o comportamento profissional de Cid, que, segundo eles, pouco falava sobre política. A audiência foi breve e contou com poucas perguntas por parte do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e dos advogados.