Porto de Natal perderá quase 40 exportadores de frutas para o Ceará

14 de Março 2023 - 08h37
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Com a saída da maior empresa de transporte de contêineres - a CMA/CGM – das operações do Porto de Natal, que deve ocorrer nos próximos meses, cerca de 40 produtores deixarão de exportar pelo terminal natalense mais de 20 mil toneladas de frutas na próxima safra, que começa em agosto deste ano. Essas cargas devem ser transferidas para os portos do Ceará para que, de lá, cheguem ao mercado consumidor dos outros continentes. Por outro lado, o Porto de Natal deverá receber o navio frigorífico da Agrícola Famosa, com carga de 3 mil toneladas por semana (cerca de 75 mil toneladas durante 24 semanas). Desde o ano passado, a empresa mudou sua logística e passou a exportar entre 30% a 35% da sua produção de melão e melancia para a Europa no modelo que dispensa contêineres e usa pallets.

Metade da produção de frutas do RN já é exportada pelo estado vizinho, mas, desde outubro do ano passado, quando a empresa global em soluções marítimas, terrestres, aéreas e logísticas, a francesa CMA/CGM, comunicou à Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) o término de suas operações em Natal, havia a expectativa de que a exportação de frutas migrasse em sua totalidade para os portos do Ceará.

Agora, o presidente do Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (COEX), Fábio Martins de Queiroga, explica que, sem um novo grande operador, a mudança deve se concretizar. “O que temos certo é que vamos operar totalmente pelos dois portos do Ceará. Por Natal, deixariam de sair 700 contêineres, fora os contêineres de manga e uva de Petrolina/PE, o que pode, somando, chegar a mais de 1 mil contêineres que vão para Fortaleza”, diz Queiroga. Como cada contêiner equivale a 20 toneladas, o Porto de Natal deve deixar de exportar até 20 mil toneladas.

O presidente do Coex conta que são produtos de 40 exportadores entre Mossoró/RN e Petrolina/PE e que a troca de portos não implica em prejuízos para esses. “Apenas três produtores do Rio Grande do Norte, que estão na região de Jandaíra e Afonso Bezerra, sentirão prejuízo porque terá um aumento de aproximadamente 40% do custo logístico”, revela.

Portanto, há vantagens em enviar as frutas para o outro lado do mundo a partir do Ceará, quando se leva em consideração a dificuldade logística para chegar a Natal e também as limitações do porto potiguar.

O Porto de Natal recebe com regularidade navios para exportação de sal, importação de trigo e cargas de projeto eólico e industrial, mas é na movimentação de frutas que o terminal tem seu protagonismo. Cerca de 60% de toda movimentação vem das frutas frescas.

Nas projeções do Coex, as exportações de melão e melancia para o mercado europeu devem sofrer revés de 16,6% na atual safra, que começou em agosto passado e segue até abril. A entidade estima o envio de 300 mil toneladas para  a Europa até o próximo mês. Na safra 2021/2022 foram escoadas para o continente aproximadamente 360 mil toneladas.

Os principais fatores que impactaram na redução já eram previsíveis: superinflação no continente europeu, limitações de mercado e aumento dos custos de logística. Com o desligamento da CMA/CGM, se a Codern não conseguir atrair novos operadores, poderá reduzir as suas operações à metade, perdendo cerca de R$ 5 milhões por ano. A empresa francesa é responsável por metade das operações no porto da capital potiguar.

O Governo do Estado anunciou no final de janeiro passado  uma Missão Empresarial Estratégica, composta pelas Secretarias da Agricultura e da Pesca (SAPE) e Desenvolvimento Econômico (SEDEC), o Coex e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Norte (Sebrae-RN), para atração de navios e a intenção de isenção fiscal do combustível marítimo para estas companhias. Dentro do planejamento, o incentivo fiscal tornando o combustível marítimo cerca de 30% mais barato é uma aposta para atrair empresas de navegação para o Porto de Natal.

Com informações de Tribuna do Norte