Peritos dizem que filho de Moraes agrediu Roberto Mantovani

27 de Agosto 2024 - 06h26
Créditos: Reprodução TV Globo

 

Laudo pericial solicitado pela defesa do trio acusado de ter hostilizado o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes no aeroporto de Roma em julho de 2023 afirma que o filho do ministro, Alexandre Barci, é quem teria agredido o empresário Roberto Mantovani.

O advogado Ralph Tórtima solicitou um parecer técnico pericial ao laboratório de perícias Ricardo Molina de Figueiredo. Ralph é advogado do empresário Roberto Mantovani Filho, da mulher dele, Andreia Mantovani, e do genro, Alex Zanatta, trio acusado de hostilizar o ministro em Roma. 

O parecer, concedido à defesa na sexta-feira (23), diz que as imagens apresentadas no relatório da PF (Polícia Federal) prejudicaram a visualização de uma suposta agressão do filho do ministro.

As imagens não continham referenciais temporais (time codes) que permitem uma avaliação cronológica dos acontecimentos, segundo o laudo. Os peritos Mauricio Tadeu dos Santos e Ricardo Molina de Figueiredo dizem que houve uma “curiosa” falha na numeração desses frames, duplicando imagens e suprimindo a cena real do vídeo, que teria sido “omitida”.

Além disso, a qualidade dos frames disponibilizados no relatório não seriam compatíveis com a qualidade vista nos vídeos do aeroporto de Roma.

A suposta cena que teria sido suprimida mostraria um tapa na nuca dado por Barci contra Mantovani, antes da suposta “reação” do empresário de levantar o braço, atingindo o óculos do filho do ministro. A reação foi classificada no laudo como “instinto de defesa” e a acusação de agressão de Montovani Filho contra Barci, questionada.

Outra inconsistência para os peritos é que as imagens usadas para sustentar a denúncia da PGR (Procuradoria Geral da República) por calúnia em 16 de julho de 2024 não têm áudio. 

O procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, tomou a decisão de denunciar o trio baseado no relatório da PF e nas “expressões corporais” que indicariam as supostas ofensas ao ministro.

Os peritos solicitados pela defesa concluíram que houve “erros e discrepâncias” nas descrições contidas no relatório da PF, classificado por eles como “uma mera ilustração de uma narrativa baseada nos depoimentos de Alexandre de Moraes e seus familiares”, e não uma análise técnica, objetiva e isenta da realidade dos fatos.

Acrescentou que qualquer dúvida existente pode ser dirimida se forem disponibilizados os vídeos para os peritos da defesa. À defesa da família foi concedido 15 dias para se manifestar sobre a denúncia da procuradoria em 6 de agosto. 

ACESSO À MÍDIA
Outro ponto questionado foi exatamente as negativas de “acesso direto” aos arquivos de vídeo disponibilizados pelas autoridades italianas. 

O documento afirma que a negativa de acesso à cópia ou, ao menos, a disponibilização de capturas de frames de relevância pericial é uma situação “totalmente inédita”. 

Se tratando de arquivos digitais, o processo de “copiagem” em nada alteraria as características originais, além de que seria um procedimento padrão da PF na realização de perícias, segundo o laudo. O ministro Dias Toffoli (relator) negou cópia do vídeo à defesa do trio que teria hostilizado Moraes em outubro de 2023. 

À defesa foi concedida permissão para acessar as imagens só nas dependências do STF. Reiterados pedidos de acesso à cópia dessas imagens foram feitos pelo advogado Ralph Tórtima desde a decisão.

PEDIDO DA DEFESA
Em novo pedido acionado no Supremo Tribunal Federal nesta segunda-feira (26), a defesa requer que seja reconhecida a incompetência do STF para julgar o caso, rejeitada a denúncia da PGR e que o caso seja remetido ao tribunal de 1ª instância para julgamento. 

A defesa endossou a hipótese de agressão e disse que a “empreitada acusatória” teria ficado “cega” para as imagens captadas pelas câmeras do aeroporto de Roma e presenciadas pelos que estavam lá. 

“Tão presencial como o tapa desferido por Alexandre Barci de Moraes contra a nuca de Roberto Mantovani Filho e que só não viu quem não assistiu as imagens do aeroporto”, afirma.

Novamente, pediu que as imagens do aeroporto sejam disponibilizadas para que a família possa ilustrar sua defesa aos demais ministros da Corte, os quais não teriam tido acesso às imagens.

Com informações de Poder 360