
O número de idosos que usam cannabis vem aumentando nos Estados Unidos, impulsionado pela legalização e pela busca por alternativas para tratar dores crônicas, insônia e ansiedade. Mas especialistas alertam: os riscos podem ser maiores do que os benefícios nessa faixa etária.
O geriatra Benjamin Han, da Universidade da Califórnia, relata o caso de uma paciente de 76 anos que consumiu uma dose elevada de balas com cannabis para dormir e acabou no pronto-socorro com ansiedade e palpitações. Segundo o médico, o envelhecimento torna o cérebro mais sensível a substâncias psicoativas e pode elevar o risco de efeitos adversos.
Dados de pesquisas mostram que o uso recente de cannabis entre pessoas com mais de 65 anos subiu de 4,8% para 7% entre 2021 e 2023. Já em 2005, o número era inferior a 1%. O crescimento acompanha a legalização em 39 estados americanos e a queda na percepção de risco entre a população.
Apesar da popularidade crescente, estudos revelam aumento de hospitalizações e atendimentos emergenciais relacionados à cannabis entre idosos, além de uma possível associação com maior risco de demência. Na Califórnia, por exemplo, as visitas ao pronto-socorro por esse motivo subiram quase 19 vezes entre 2005 e 2019.
Pesquisadores destacam a falta de evidências sólidas sobre a eficácia terapêutica da cannabis para idosos e apontam para possíveis interações com medicamentos, risco de quedas, efeitos na memória e até desenvolvimento de transtorno por uso da substância.
A recomendação dos especialistas é clara: iniciar com doses mínimas, sob orientação médica, e sempre avaliar os riscos, especialmente em pessoas com problemas cardiovasculares ou condições crônicas.