Novas perspectivas para a parceria entre Brasil e Alemanha marca debate no EEBA

17 de Setembro 2019 - 10h13

A consolidação das reformas (previdenciária e tributária) e o avanço nas negociações do acordo econômico entre o Mercosul e a União Europeia foram pontos de destaque nos posicionamentos dos debatedores do Painel “Perspectivas Econômicas e Políticas”, na manhã desta segunda-feira (16), no Encontro Econômico Brasil-Alemanha. Durante o painel, os participantes pontuaram suas visões sobre a parceria econômica entre os dois países, bem como relataram iniciativas visando essa integração.

 

 

Foto: Oseas Queiroz

 

Ingo Plöger, presidente do Conselho de Empresários da América Latina (CEAL), em suas considerações iniciais, destacou que a globalização perde cada vez mais espaço, em contrapartida tem se fortalecido uma comunicação fechada, em grupos de interesse, o que dificulta a gestão da comunicação entre empresas e consumidores. “Nesse ambiente há um aumento das incertezas e a diminuição da tolerância. A dificuldade na percepção do que é real e o que é fake faz as nossas decisões serem mais difíceis”, pontua. Quanto ao acordo entre os blocos econômicos, Plöger ressaltou que é necessária uma comunicação mais aberta e transparente. “A percepção desse acordo na Europa hoje é crítica e, no Mercosul, é positiva. Precisamos mostrar que ambos ganham. Na relação Alemanha e Brasil, precisamos de uma relação de confiança”, frisa.

 

Andreas Renschler, presidente LADW e membro do conselho da Volkswagem AG, comentou recente estudo em que afirma que as empresas podem ganhar mais no Brasil e na América Latina do que em países como a China e a Malásia. Apesar disto, a Alemanha está em 9° lugar no ranking de países que mais investem no Brasil – o que ele considera como negativo para a Alemanha. “Menos de 3% de nosso investimento estrangeiro chega a esse continente, e a metade disso no Brasil. Estamos perdendo espaço e quem ganha são os EUA e a China. Se a gente não quiser perder o bonde no Brasil temos de nos engajar mais”, enfatiza. Este engajamento, segundo Renschler, deve ser de caráter duradouro, com comprometimento, consciência ambiental e responsabilidade social. “Mas para isso precisamos do apoio político em ambos os países”, frisa.

 

Como uma das ações brasileiras para facilitar a integração do Brasil com os demais países, Ângela Furtado, presidente do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

 

(Inmetro) anunciou em sua fala uma revisão do estoque regulatório do Instituto. “Até o final do ano estaremos desregulamentando coisas que não fazem mais sentido, bem como incluindo uma série de regulamentações com um novo modelo a fim de gerarmos uma simplificação e inovação das medições. Esse novo regulamento vai trabalhar as melhores práticas realizadas hoje no Brasil e fazer convergência com as práticas internacionais”, relata. Como principais pilares desta inovação estão a autorregulamentação, com o fabricante responsável pela garantia de segurança do seu produto, e a maior participação do consumidor na fiscalização.

 

Além das ações empresariais, Renato da Fonseca, gerente executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, reforça que para um avanço na parceria entre o Brasil e a Alemanha existe um papel importante do governo brasileiro. “Não adianta o chão de fábrica ser competitivo se não tiver investimentos público em estrutura, diminuição da burocracia e dos tributos. É preciso intensificar o investimento em inovação e diminuir a burocracia”, salienta.

 

A parceria entre os países é uma ação possível e de desejo do governo alemão, expôs o vice-ministro federal de assuntos econômicos e energia, BMWi. Segundo ele, a Alemanha quer assumir como mediador do acordo entre a União Europeia e o Mercosul. “Espero sim que os avanços sejam possíveis e assim poderemos criar o maior espaço econômico do mundo. É sempre importante termos parceiros com valores semelhantes. O Brasil e a Europa é um exemplo de comunidade de valores”, expõe.

 

EEBA

O Encontro Econômico Brasil – Alemanha reúne autoridades governamentais e lideranças empresariais para discutir a ampliação de investimentos e novas formas de cooperação. Esta será a 37º edição do encontro, que reúne anualmente centenas de empresários interessados em estreitar relações, fechar parcerias, fazer intercâmbio de tecnologias e efetivar negócios. O EEBA é organizado pela Federação das Indústrias Alemãs (BDI) e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK) e, nesta edição, com a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (Fiern).

 

Realizado anualmente de forma alternadamente entre os dois países, o encontro é o principal fórum de cooperação estratégica bilateral e terá, este ano, o tema “Parceria Brasil-Alemanha em tempos de mudança”, com realização de painéis, rodadas de negócios e visitas técnicas.