Nova-iorquinos descartam luvas e máscaras nas ruas e aumentam risco de contágio

10 de Abril 2020 - 08h19
Créditos:

Máscaras e luvas descartáveis estão por todos os lados em Nova York. Nos rostos e nas mãos, para proteção. Mas também oferecendo perigo nas ruas, nas calçadas, nas entradas de edifícios, nos carrinhos e nas cestas de supermercado.

Muitas pessoas que recorrem a esses itens para sair de casa protegidos contra o novo coronavírus não mostram o mesmo cuidado na hora de descartá-los antes de entrar em seus carros e residências.

E aí criou-se o paradoxo: o que deveria proteger a população agora pode também colocá-la em risco.

Relatos e imagens de máscaras e luvas jogadas pelo chão têm surgido de todas as regiões de Nova York e de cidades vizinhas, inundado grupos de moradores nas redes sociais e provocado irritação.

Funcionária do departamento de assuntos econômicos e sociais da ONU (Organização das Nações Unidas), Patricia Stifelman, 51, encontra esse tipo de lixo pelas ruas sempre que passeia com o cachorro pelo Upper East Side, área nobre de Manhattan.

 

"É uma porqueira. Acho que as pessoas não pensam no que estão fazendo ou estão tão desesperadas para não se contaminar que querem se livrar daquilo. Mas nessa região há uma lixeira por esquina, não tem desculpa", afirma.

O prefeito Bill de Blasio pediu que os nova-iorquinos denunciem quem estiver jogando máscaras e luvas no chão. A multa pode chegar a US$ 200 (R$ 1.018).

"Nós não gostamos de lixo jogado na rua em nenhuma hipótese. Mas principalmente quando pode haver um vírus mortal nessas luvas ou máscaras. Não estou tentando ser alarmista, é apenas bom senso", esbravejou o prefeito em entrevista na semana passada.

Os EUA apresentavam, até a tarde desta quinta-feira (9), quase 425 mil casos de Covid-19 e mais de 15 mil mortes. O Estado de Nova York acumulava mais de 149 mil infectados e 6.200 óbitos.

Além de ser um comportamento questionável em relação à limpeza urbana, descartar máscaras e luvas em lugar inapropriado gera riscos.

Segundo Doris Bucher, professora de microbiologia e imunologia da New York Medical College, é possível ser infectado ao tocar em um desses itens.

"Se alguém pegar um objeto desses sem pensar, terá que evitar tocar o rosto e lavar as mãos muito bem", avisa.

Folha de S. Paulo