
Desde que lançou o filme francês Mignonnes (Lindinhas em português) no dia 9 de setembro, a plataforma de streaming Netflix registrou um aumento significativo na sua taxa de cancelamentos. Dados da consultoria YipitData mostram, sem revelar números absolutos, que cresceu em oito vezes, no final de semana seguinte ao lançamento, o volume de pessoas que deixaram de pagar suas assinaturas.
Isso porque o filme dirigido pela estreante Maïmouna Doucouré tem uma premissa delicada, discutindo a hipersexualização de jovens pré-adolescentes nos tempos de hoje. A obra foi muito bem recebida no festival de Sundance, o que rendeu à diretora o prêmio de melhor da categoria. O problema é que usuários da plataforma não concordaram com essa aclamação.
Começou então um movimento na comunidade conservadora americana para cancelamento de assinaturas do Netflix, com a hashtag #CancelNetflix. No Brasil, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo Jair Bolsonaro, Damares Alves, também entrou no movimento.
“Chega de erotizar nossas crianças. Chega de conteúdos que incentivam pedófilos a praticarem seus atos libidinosos na vida real contra crianças”, disse no Twitter. Por aqui, a empresa americana já havia sofrido pressão parecida quando o grupo humorístico Porta dos Fundos lançou o especial de Natal A Primeira Tentação de Cristo.
A Netflix, no entanto, se defendeu. Em entrevista à Variety, o co-CEO da empresa, Ted Sarandos, minimizou a questão. "O filme fala por si. É uma história muito pessoal sobre crescimento, é a história da diretora. O filme foi muito bem em Sundance, sem essa controvérsia, e muito bem nos cinemas da Europa, sem essa controvérsia", disse.
"É um pouco surpreendente que, em 2020, a gente esteja discutindo censurar histórias aqui nos Estados Unidos", completou. O filme segue disponível na plataforma.
Fonte: CNN Brasil