Marília Mendonça: piloto fez 'avaliação inadequada' em acidente, diz Cenipa

16 de Maio 2023 - 03h02
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O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticas) citou uma "'avaliação inadequada" do piloto no acidente que matou a cantora Marília Mendonça em novembro de 2021. O relatório final da investigação foi divulgado na noite de hoje (15).

Outras quatro pessoas morreram na queda do avião em Piedade de Caratinga (MG). Geraldo Martins Medeiros, 55, era o responsável por pilotar a aeronave.

"No que diz respeito ao perfil de aproximação para pouso, houve uma avaliação inadequada acerca de parâmetros da operação da aeronave, uma vez que a perna do vento foi alongada em uma distância significativamente maior do que aquela esperada para uma aeronave de 'Categoria de Performance B' em procedimentos de pouso", diz o relatório.

O Cenipa é o órgão do comando da aeronáutica responsável pelas atividades de investigação de acidentes aeronáuticos da aviação civil e da FAB (Força Aérea Brasileira).

A conclusão discorda da declaração de Robson Cunha, advogado da família de Marília Mendonça. Ele afirmou que o relatório divulgado hoje indicou que não houve falha humana no acidente aéreo.

A investigação também concluiu que não houve falha mecânica durante o acidente. O relatório oficial apontou que a aproximação da aeronave do solo "foi iniciada a uma distância significativamente maior do que aquela esperada" e "com uma separação em relação ao solo muito reduzida".

O Cenipa reforça que as investigações realizadas não buscam o "estabelecimento de culpa ou responsabilização", nem comprovar as causas do acidente. "Os relatórios finais propõem implementar medidas por meio de recomendações de segurança, buscando o aprimoramento da segurança de voo".

A aeronave bateu em um cabo de uma torre de distribuição da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais). A linha de transmissão estava fora da zona de proteção do aeródromo local.

"Uma vez que a linha de 69 kV encontrava-se fora dos limites de Zona de Proteção de Aeródromo (ZPA) estabelecidos pelo PBZPA, ela não se caracterizava como um obstáculo que pudesse causar efeito adverso à segurança ou regularidade das operações aéreas", concluiu o relatório.

Em entrevista ao UOL News, o especialista Beny Balabram, advogado de direito aeronáutico, disse acreditar em falha humana no sentido de estar sobrevoando uma área fora do perímetro de segurança.

'Nada vai trazer ela de volta'

João Gustavo, irmão de Marília Mendonça, conversou com exclusividade com Splash,e explicou a ausência de um familiar da cantora na leitura do laudo, em Brasília.
Nada disso vai trazer a Marília, filha da Ruth, mãe do Leo e irmã do João Gustavo, de volta. Eu iria para Brasília junto com meu padrasto e o Robson [advogado], mas também tinha compromissos na faculdade. Decidimos deixar ele nos representar.João Gustavo

Mãe de Marília Mendonça não quer apontar culpados, afirmou o advogado da família durante coletiva de imprensa: "A gente não está aqui na caça às bruxas. A posição dela sempre foi clara: nada disso aqui vai trazer a filha, a mãe do Léo de volta. O objetivo dela, o objetivo de todos, na verdade, é que situações que aconteceram como a da filha dela sejam evitadas para que mais nenhuma família passe pela dor da perda que eles passaram."

O acidente

No dia 5 de novembro de 2021, uma queda de avião foi registrada por volta das 15h30, em Piedade de Caratinga (MG), a 309 km de Belo Horizonte.

Além da cantora, morreram o produtor Henrique Bahia, o assessor e tio da cantora, Abiceli Silveira Dias Filho, o piloto Geraldo Martins de Medeiros e o copiloto Tarciso Pessoa Viana.

O avião estava a 2 km do aeroporto onde iria pousar quando caiu, em um local de difícil acesso.

A aeronave teria atingido o cabo de uma torre de distribuição de energia elétrica antes de cair em um curso d'água, segundo a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), que administra o fornecimento de eletricidade na região. O acidente é investigado pelo Cenipa e provocou a interrupção de acesso à energia elétrica para 33 mil pessoas.

O avião saiu de Goiânia com destino ao aeroporto de Caratinga (MG), onde Marília Mendonça faria um show para 8.000 pessoas. O restante da banda fez o trajeto de ônibus e já aguardava pela cantora na cidade.

Com informações do Splash - UOL