Ao menos 358 políticos que disputaram eleições em 2020 e 2022 ocupam cargos ou funções comissionadas no governo federal. A maioria (328 funcionários) é de derrotados nas urnas durantes as eleições.
O levantamento foi feito pelo Poder360 com base na folha de pagamento de maio (últimos dados disponíveis) e nos registros do TSE. Inclui na conta os ministros.
O ritmo acelerou de janeiro a maio, último dado disponível. Ao todo, 218 políticos passaram a ocupar cargos dessa natureza e se somaram a outros que já tinham funções durante o governo Bolsonaro.
O levantamento também calculou o número de cargos comissionados ocupados pelos políticos em dezembro, no último mês do governo Bolsonaro. Naquele momento, eram 207 ocupantes que haviam participado das últimas duas eleições. É possível que o número mais baixo se deva, no entanto, ao fato de o governo estar no fim, com vários políticos já tendo deixado seus cargos na Esplanada.
Desde que assumiu o governo, Lula retirou cargos de 55 pessoas do grupo de políticos que os ocupava em dezembro. Com as novas nomeações (e algumas demissões de nomeados), o governo registrou em maio 358 cargos ocupados por pessoas que concorreram nas últimas eleições.
PT É QUEM MAIS RECEBEU CARGOS
O partido ganhou 90 ex-candidatos em cargos comissionados do governo a mais do que tinha em dezembro de 2022. No último mês do governo Bolsonaro, a sigla tinha 22 cargos. Passou, agora, a 112.
O PSB, do vice-presidente Geraldo Alckmin, vem atrás no aumento de cargos, com 15 políticos a mais na Esplanada.
Os partidos com mais políticos no governo hoje são:
- PT – 112;
- PSB – 29;
- PSD – 26;
- PC do B – 21;
- União Brasil – 20.
O fato de esses funcionários terem disputado as últimas eleições por uma sigla não significa que ainda estejam vinculados à legenda. Entretanto, a disputa em uma agremiação é um indicativo de orientação política do funcionário.
CENTRÃO DEVE AUMENTAR
PC do B, Psol e Rede, partidos de tamanho pouco expressivo, estão entre os que mais ganharam cargos de dezembro a maio. O PSD quase dobrou a presença no governo em relação a dezembro de 2022.
Os partidos do Centrão tem variação menor. O PP ganhou 3 cargos em relação a dezembro. Tem 15 políticos em cargos no Executivo. O PP tem 49 deputados federais, mas tem menos cargos que legendas pouco expressivas na Câmara, como PC do B, Psol, PV e Rede.
O União Brasil, embora tenha 2 ministros, perdeu 4 cargos. O número, porém, deve ser lido com cautela.
O levantamento optou por considerar como União Brasil funcionários que disputaram as eleições de 2018 pelo PSL e pelo DEM, siglas que se fundiram depois no União Brasil. Não é possível saber, no entanto, se permanecem no partido ou fizeram a migração para o PL, por exemplo.
O cenário deve mudar em relação a partidos do Centrão nos próximos meses.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse na última 4ª feira (19.jul.2023) que oferecerá o que achar necessário ao Centrão para ter “tranquilidade no Congresso”.
André Fufuca (PP-MA), cotado para ficar com o Ministério de Portos e Aeroportos, e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), indicado para o Ministério dos Esportes, conversaram com Alexandre Padilha (Relações Institucionais) na 3ª feira (18.jul) sobre a possibilidade de integrar o governo.
NOMEAÇÃO É LEGAL
Não há nada de ilegal na nomeação de pessoas para cargos de confiança. O fato de indicados terem disputado cargos públicos e terem sido filiados a partidos políticos tampouco é impedimento.
Governos costumam trazer ao governo integrantes dos seus grupos partidários para implementar as políticas que desejam, além de abrir espaço a outros partidos políticos para conseguir aprovar propostas no Congresso.
Acesse aqui a relação de quem se candidatou nas últimas eleições e ocupa cargos comissionados no governo. É possível que mudanças recentes não tenham sido contempladas ainda nos arquivos do governo e que alguns políticos que têm registros diferentes no TSE e na folha do governo federal não tenham sido identificados.
Com informações do Poder360