Lula lança carta em que promete 'política fiscal responsável', mas frustra mercado

28 de Outubro 2022 - 05h50
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A três dias das eleições, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou nesta quinta-feira (27) um documento em que promete combinar responsabilidade fiscal e social, caso eleito. No entanto, o documento foi recebido com frustração.

"A política fiscal responsável deve seguir regras claras e realistas, com compromissos plurianuais, compatíveis com o enfrentamento da emergência social que vivemos e com a necessidade de reativar o investimento público e privado para arrancar o país da estagnação", diz o texto. "Temos consciência da nossa responsabilidade."

Na chamada "Carta para o Brasil do Amanhã", o ex-presidente elenca 13 pontos prioritários. O documento sintetiza promessas anunciadas ao longo da campanha, na tentativa de amenizar temores no mercado.

Lula promete retomada de obras e investimento em infraestrutura. Ele também incorpora propostas da senadora Simone Tebet (MDB) ao prometer fim das filas na saúde.

"Vamos investir em serviços públicos e sociais, em infraestrutura econômica e em recursos naturais estratégicos. Os bancos públicos, especialmente o BNDES, e empresas indutoras do crescimento e inovação tecnológica, como a Petrobras, terão papel fundamental neste novo ciclo", diz.

"Ao mesmo tempo, vamos impulsionar o cooperativismo e a economia solidária e popular. A roda da economia vai voltar a girar e o povo vai voltar e ser incluído no Orçamento", completa.

Na avaliação de Pedro Fernando Nery, consultor legislativo e professor do IDP, no entanto, o documento tende a ser recebido de forma morna pelos agentes financeiros. "O texto, em si, não traz novidades. É algo que tem mais jeitão de plano de governo do que carta para o mercado, soou como uma lista de aspirações", diz.

Segundo ele, a carta tende a não empolgar o mercado. "Talvez [empolgasse] em outro momento. O documento fala em responsabilidade fiscal, mas não indica como fechar a conta das promessas, como seria de se esperar em um momento eleitoral."

No momento em que o documento foi noticiado, por volta das 16h30, o Ibovespa saltou rapidamente da casa dos 114.700 pontos para 116.235, quando registrou a máxima do dia. O dólar chegou a cair momentaneamente de R$ 5,30 para R$ 5,25, se aproximando da cotação mínima do dia.

Apesar desses movimentos na Bolsa, a decepção com o texto devolveu os ganhos em seguida. O índice Ibovespa fechou em alta de 1,66%, aos 114.640 pontos. O dólar comercial à vista caiu 1,48%, cotado a R$ 5,3020.

"[A carta] Não foi negativa, mas acabou ficando no zero a zero", disse Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos.

Segundo o documento, "as primeiras medidas de nosso governo serão para resgatar da fome 33 milhões de pessoas e resgatar da pobreza mais de 100 milhões de brasileiros".

Na carta, a campanha do ex-presidente sugere a criação de um Novo Bolsa Família, mantendo de forma permanente o valor atual do benefício do Auxílio Brasil, de R$ 600, e instituindo um acréscimo de R$ 150 para cada criança com até seis anos de idade na família.

O texto também fala em renegociar dívidas e retomar o aumento do crédito, por meio do programa Empreende Brasil, de crédito a juros baixos para os empreendedores de micro, médias e pequenas empresas.

Com informações da Folha de S. Paulo