Lava Jato cogitou buscar até na Suíça provas contra Gilmar, indicam vazamentos

06 de Agosto 2019 - 13h20
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Novos diálogos divulgados nesta terça-feira (06) mostram que procuradores da Lava Jato se mobilizaram para buscar dados até na Suíça que incriminassem o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal) para pedir sua suspeição ou impeachment. As mensagens foram publicadas pelo site do jornal El País, em conjunto com o The Intercept Brasil.

De acordo com os diálogos dos procuradores, a prisão do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, tido como o operador financeiro do PSDB, levou o grupo a buscar possíveis ligações entre o preso e o ministro. Coordenador da força-tarefa no Paraná, Deltan Dallagnol disse que havia um boato em São Paulo que parte do dinheiro de Preto mantido em contas no exterior seria de Gilmar. O ministro nega ter conta fora do Brasil.

Para os procuradores, o ministro da STF foi indicado por Aloysio Nunes, que foi ministro-chefe da Secretaria-geral da Presidência da gestão Fernando Henrique Cardoso entre 1999 e 2001. Em 2002, quando foi nomeado à Corte Superior, Gilmar era advogado-geral da União.

Com base nesta suposta ligação, os procuradores teriam se mobilizado para apurar e tabelar decisões e acórdãos do ministro e planejaram acionar investigadores na Suíça para tentar reunir dados contra Gilmar, mesmo que isso fosse extrapolar as competências institucionais da Lava Jato.

A estratégia, de acordo com o jornal, foi discutida por meses em conversas de membros da força-tarefa pelo aplicativo Telegram, enviadas ao The Intercept por uma fonte anônima. Em outras oportunidades, a força-tarefa da Lava Jato contestou a legalidade dos diálogos obtidos pelo The Intercept e alegam ter sido obtidos de forma criminosa. O site nega essa acusação.