Governadora e empresários discutem investimento de R$ 5 bi em eólicas no RN

28 de Janeiro 2020 - 15h03
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O Rio Grande do Norte receberá dentro dos próximos anos um investimento de aproximadamente R$ 5 bilhões em uma área inovadora da geração de energia no Brasil: parques eólicos instalados no mar (offshore). Os primeiros passos para a construção do parque foram discutidos na tarde desta terça-feira (28) durante reunião entre a equipe do Governo do Estado e os diretores da empresa ítalo-brasileira BI Energia, responsável pelo investimento.

A ação é um desdobramento direto da missão à Europa que a governadora Fátima Bezerra, junto dos demais membros do Consórcio Nordeste, participou na segunda quinzena de novembro de 2019. Durante uma reunião em Roma-ITA, a chefe do Executivo potiguar apresentou ao empresário Gaspare Ferrara, que participou do encontro com o diretor Lúcio Bonfim, o potencial eólico do RN e o convidou a visitar o estado.

“A agenda do Consórcio Nordeste tinha justamente o objetivo de abrir portas e mostrar o potencial da nossa região, que está materializado neste encontro. Não mediremos esforços para dar a segurança jurídica e a agilidade necessária para que este importante investimento se consolide. O alvo central do Governo é exatamente a busca por desenvolvimento, dando dignidade ao povo com mais emprego e renda”, afirmou a governadora Fátima Bezerra.

Em meio às discussões sobre as medidas necessárias para implantar o parque eólico no litoral potiguar, os representantes da BI Energia reforçaram a ideia de começar os trabalhos no RN o quanto antes. O investimento da BI Energia é o primeiro que o estado recebe para a geração de energia eólica offshore.

Para Gaspare Ferrara, a disponibilidade apresentada pelo Governo para cooperar com a ação da empresa será vital para o rápido desenvolvimento do projeto. “Queremos investir no Rio Grande do Norte. Agradecemos à governadora e toda a equipe técnica por nos receber e mostrar que o Governo do Estado está interessado em dar as condições. A nossa visão é de que o investimento seja de curto prazo. As condições são ótimas e não temos porque esperar. Vamos começar a trabalhar amanhã”, declarou o italiano.

Responsável pela área de energia da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico (Sedec), o coordenador Hugo Fonseca ressaltou o trabalho que a gestão estadual vem desenvolvendo para melhorar as condições de investimentos em geração eólica. “O nosso litoral tem um potencial de geração de 200 GW (gigawatts). Estamos desenvolvendo um atlas eólico, medindo todo esse potencial pelo período de um ano, para obtermos os dados precisos que vão subsidiar novos investimentos. É uma atividade nova que está surgindo no país”, disse ele.

Outro ponto destacado na reunião foi a decisão do Governo, por meio do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema), de requisitar ao Ibama a responsabilidade sobre os licenciamentos para parques eólicos no mar. “Essa medida é interessante para aumentar a velocidade dos licenciamentos e ter um controle maior do processo. A equipe do Idema já está sendo preparada para isso. Hoje o instituto consegue licenciar um parque eólico em terra dentro de dois meses, por exemplo”, completou Pedro Lima, assessor técnico da Sedec.

A equipe técnica do Governo, que também contou com a presença do secretário de Infraestrutura Gustavo Coelho, e os empresários ainda discutiram possibilidades de parcerias com municípios e instituições de ensino, como o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RN (IFRN), para desenvolvimento do projeto de parque offshore. Os representantes da BI Energia também foram convidados para participarem do seminário internacional que o Governo do Estado promoverá em abril justamente com o objetivo de discutir a instalação dos parques eólicos no mar.

EXPERIÊNCIA

A BI Energia é uma das pioneiras no investimento em parques eólicos offshore. Atualmente a empresa conta com um projeto no Ceará, que foi iniciado em 2016, para instalação de 59 torres, ao custo de 1 bilhão de euros. A expectativa dos empresários é de que a expertise criada com o projeto em terras cearenses ajude a deixar mais rápido o processo no RN.

“No 2º semestre de 2021 devemos instalar as primeiras turbinas por lá. São quase cinco anos desde que abrimos o processo para pedidos de licenças e outros pontos. Com base nessa experiência, o período para investir no Rio Grande do Norte será muito menor”, analisou o diretor Lúcio Bonfim.

Atualmente, o RN é lidera o ranking dos estados brasileiros com a maior geração de energia eólica. Os 155 parques e mais de 1500 turbinas em operação geram mais de 4 GW, representando 30% da capacidade do Brasil. Atualmente, mais 24 parques estão em construção e outros 62 já foram contratados, com previsão de construção até 2025.