
Cuidar da saúde faz parte das resoluções de Ano Novo de muita gente. Mesmo assim, a ressaca bate na porta de uma turma de grande de amigos no primeiro dia do ano, não é mesmo? Mas não tem jeito. Bebedeira em excesso traz mal-estar, dor de cabeça, enjoos, náuseas, gosto ruim na boca, sede excessiva e cansaço. Ou seja, ressaca.
Os sintomas podem ter uma duração de oito a 12 horas e, para o indivíduo, é preciso aguardar. O que pode ser feito é tentar reequilibrar o organismo com alguns cuidados e, principalmente, uma boa hidratação - porque o álcool estimula a diurese, a perda de líquido pela urina:
- Manter uma boa hidratação com líquidos não alcoólico, como água, água de coco e sucos.
- Buscar uma alimentação mais leve, priorizando verduras, legumes e frutas, que têm digestão mais fácil e são mais naturais para o organismo.
- Evitar frituras.
- Eliminar os ultraprocessados, que são ricos em agentes químicos, como corantes, conservantes, estabilizantes, entre outros.
Medicamentos e chás podem ajudar?
Às vezes, parece inofensivo, mas existem relatos de hepatite e outros problemas provocados por chás e ervas naturais. Então, nada milagroso é isento de riscos, mesmo quando parece algo natural. A gastroenterologista do Hospital Sírio-Libanês Débora Poli afirma que cada vez mais os profissionais de saúde aprendem sobre os possíveis efeitos colaterais de alguns chás e ervas.
Ainda assim, há medicamentos vendidos sem prescrição que podem ajudar com sintomas específicos, como dor de cabeça, náusea ou sensação de mal-estar. Mas Poli lembra que não existe milagre:
“O que podemos fazer é hidratar bastante, tomando líquidos não alcoólicos. O álcool desidrata muito, então consumir bastante líquido é fundamental. Mas não existe uma solução mágica, nem natural nem medicamentosa, que reverta os abusos com comidas e bebidas da noite anterior”, explica Poli.
O que é a ressaca? É possível evitá-la?
A ressaca é a intoxicação pelo álcool e não existe uma quantidade segura para evitá-la. Mas quanto mais álcool ingerimos, maior a chance e a intensidade da ressaca.
O álcool é metabolizado principalmente no fígado e cerca de 90% do etanol ingerido é oxidado por duas enzimas principais:
Álcool-desidrogenase (ADH), que converte o etanol em acetaldeído.
Aldeído-desidrogenase (ALDH), que metaboliza o acetaldeído em ácido acético.
O acetaldeído, um subproduto intermediário, é altamente tóxico e responsável por muitos dos sintomas da ressaca, como náuseas, dores de cabeça e mal-estar geral. Outros fatores contribuem, como a desidratação (por efeito diurético do álcool) e a inflamação sistêmica, explica o médico endocrinologista Clayton Macedo, presidente do Departamento de Endocrinologia do Esporte e Exercício da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Associação Brasileira para o uso da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO).
A quantidade de álcool ingerida no total é o que faz mais diferença
Não existe uma bebida alcoólica que dê mais ou menos ressaca. O problema, na verdade, está na quantidade de álcool ingerido.
Bebidas destiladas têm teor alcoólico geralmente entre 35% a 50%, dependendo da marca e do tipo. Exemplos:
Vodca: 40%
Uísque: 40%
Cachaça: de 38% a 48%
Cerveja: varia entre 3% a 12%, dependendo do estilo e da fabricação. Exemplos:
Cervejas claras e comuns (pilsen): de 3% a 5%
Cervejas artesanais ou encorpadas: de 6% a 12%
Vinhos: geralmente entre 10% a 15%, dependendo do tipo. Exemplos:
Vinhos brancos e rosés: de 10% a 12%
Vinhos tintos: de 12% a 14%
Vinhos fortificados (como vinho do Porto): de 16% a 20%
OMS considera que não há nível seguro para a saúde no consumo de álcool
Beber álcool com o estômago vazio acelera a absorção do álcool. Por isso, alimente-se bem antes de iniciar a ingestão de bebidas alcóolicas.
Outra dica é hidratar-se durante o consumo de álcool. Essa medida pode amenizar os sintomas, mas não evitar a ressaca.
A ingestão exagerada de álcool causa mal-estar, pode sobrecarregar o fígado e também levar a consequências mais graves, como o coma alcoólico. O álcool em excesso também pode causar arritmias em pessoas com predisposição.
Muitas pessoas recorrem à medicação para melhorar sintomas ou até tentam se medicar antes da festa, na tentativa de prevenir os efeitos danosos do abuso de comida e bebida. Mas isso deve ser feito com muita cautela.
Com informações de g1