
O ex-secretário da Casa Civil da Bahia, Bruno Dauster, negou nesta quarta-feira, 17, conhecer ou ter tido contato com o empresário Paulo de Tarso, dono da empresa Biogeoenergy, e Fernando Galante e Cléber Isaac, apontados como intermediários da malsucedida compra de respiradores para o Consórcio Nordeste.
“Eu nunca tinha ouvido o nome de Fernando Galante, até o dia que surgiu a notícia de que ele tenha intermediado algo. Nunca falei com Cléber, nunca falei com nenhum dos dois, por telefone, por WhatsApp. Não sei que intermediação fizeram porque nunca me contactaram. Acho isso extremamente estranho”, alegou Dauster em entrevista ao Bahia Meio-Dia, na TV Bahia, nesta tarde.
Em depoimento à Polícia Civil, Tarso disse acreditar que o ex-secretário tenha recebido propina para facilitar a venda fraudulenta dos 300 equipamentos, nunca entregues. A compra custou R$ 48,7 milhões aos cofres dos nove estados da região. Segundo relato do empresário aos investigadores, Isaac teria procurado a Biogeoenergy como intermediário do governo baiano, através do vice-governador João Leão, de Dauster e do secretário-executivo do Consórcio, Carlos Gabas.
Ele também admitiu ter errado na condução do processo e disse que não acompanhou a assinatura do contrato com a Hempcare.
“Eu imaginava que, contratualmente, havia sido prevista cláusula de garantia de seguro. Não verifiquei no contrato e não participei da assinatura do contrato. Não queria transferir a responsabilidade. Só diz quem não cometeu erros quem mente. Posso dizer que eu acredito que cometi erros, e seguramente cometi, porque o dinheiro não foi devolvido”, afirmou. E voltou a se defender. “O fato de cometer erros em situação dada não deveria ser motivo para ilações caluniosas.”
Dauster afirmou que vai processar o dono da Biogeoenergy por calúnia. “Nunca conheci e não tivemos nenhuma relação comercial com esse empresário [Paulo de Tarso] durante o processo de compra. Estou processando Paulo de Tarso por calúnia, por ele ter dito que recebi dinheiro ilícito. Nunca recebi, nem da Hempcare e nem em nenhum projeto especial ou em projetos especiais que tenha participado no governo. Como sempre tive minha vida regida por processos de transparência e honestidade, quando ele faz essas ilações, ele está tentando apenas me denegrir [sic] e me caluniar”, defendeu-se.
O ex-titular da Casa Civil argumentou, ainda, que optou por intermediários porque era a forma mais fácil de conseguir os respiradores em tempos de pandemia e de corrida pelo equipamento no mercado internacional.
“No mundo inteiro, você só tinha condições razoáveis, de prazo dentro da razoabildiade, com intermediários. Foi o procedimento que identificamos como viável naquele momento para que tivéssemos o número de equipamentos necessários. No momento que você teve esse processo [pandemia], você teve empresas que tomaram posições no mercado, empresas que não tinham tradição, mas tinham equipamentos e vendiam, tanto que eles chegaram para outros lugares e aqui, de forma residual”, argumentou Dauster.
O ex-secretário justificou também que o processo de compra ocorreu sem licitação por causa da demora que esta modalidade exigiria. “Se você quisesse fazer processo de licitação, no mínimo, levariam 45 dias para concluir. Quantas mortes teriam neste tempo, com até 90 dias para entrega?”, questionou.