“Eu não tinha que fazer nada, não”, diz ministro da Previdência sobre denúncias de fraudes no INSS em bate-boca com Moro

15 de Maio 2025 - 15h12
Créditos: Saulo Cruz/Agência Senado

O ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, e o senador Sergio Moro (União-PR) protagonizaram um intenso bate-boca durante audiência pública da Comissão de Transparência do Senado, nesta terça-feira (14). A sessão foi convocada para tratar do esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões do INSS.

A discussão teve início quando Wolney sugeriu que Moro, enquanto ministro da Justiça no governo Bolsonaro, teria sido omisso diante de denúncias sobre fraudes em benefícios previdenciários. “Um servidor, em 2020, denunciou à PF que havia descontos indevidos. Parece que vossa excelência era o ministro da Justiça nesta época. Fez alguma coisa para coibir essas fraudes?”, questionou o ministro.

Moro respondeu de forma ríspida: “Esses fatos nunca foram informados para mim como foram informados a vossa excelência em 2023. Se alguém se omitiu aqui foi vossa excelência.”

O senador ainda lembrou que em junho de 2023, durante reunião do Conselho Nacional de Previdência Social, a conselheira Tônia Galleti alertou sobre denúncias de descontos indevidos, mas o assunto não foi colocado em pauta pelo então ministro Carlos Lupi. Wolney teria participado da reunião.

“Foi informado sobre as fraudes e não fez nada”, acusou Moro. O ministro retrucou: “Eu não tinha que fazer nada, não.”

Moro reforçou que, diferentemente do que afirmou o ministro, ele já havia deixado o cargo no governo Bolsonaro quando o servidor do INSS fez a denúncia formal em setembro de 2020. “Se eu tivesse recebido, como vossa excelência recebeu, em 2023, teria tomado providências imediatas.”

O senador finalizou acusando Wolney de omissão enquanto era secretário-executivo da pasta. “A fraude escalou para mais de R$ 2,8 bilhões sob sua gestão”, afirmou.

A audiência pública segue em andamento no Senado.