Empresários querem isenção de ISS e IPTU para Cidade Alta

10 de Outubro 2023 - 04h44
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Representantes de lojistas da Cidade Alta e de entidades empresariais de Natal se reuniram nesta segunda-feira (9) para discutir perspectivas e possibilidades para que o bairro volte a receber investimentos e clientes. Para empresários, medidas como segurança, transporte público e isenção de impostos como ISS e IPTU são algumas das medidas necessárias para que o bairro volte a crescer. A reunião foi a primeira da Comissão Multidisciplinar criada para discutir a revitalização do Centro de Natal. 

O encontro aconteceu na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte e contou com a participação de várias entidades a convite do deputado Ubaldo Fernandes (PSDB), que promoveu audiência pública sobre o tema recentemente.

Para o presidente da Associação Viva o Centro, Rodrigo Vasconcelos, a isenção tributária é apenas um dos mecanismos a serem adotados pelo Poder Público na revitalização da Cidade Alta. 

“Uma revitalização não é feita somente com obras. Temos um grande problema na Cidade Alta que são imóveis fechados no bairro. Pensamos que, com isenção de ISS e IPTU, acreditamos que as empresas poderiam voltar à Cidade Alta. Temos uma especulação imobiliária na rua João Pessoa, com pontos fechados e alugueis caríssimos. Estamos esperando que essa obra seja concluída para vermos o que vai acontecer com esses imóveis”, disse. 

A reunião iniciou com a leitura de um relatório fruto da audiência pública realizada no último dia 26 de setembro na ALRN, destacando oito eixos prioritários para a Cidade Alta, como a realização  de um diagnóstico preciso do estado atual do centro de Natal; criação de programas de incentivos fiscais para o bairro; desenvolvimento de ações promocionais para destacar o Centro como polo turístico e cultural; viabilização de um programa de adensamento populacional; investimento na requalificação urbana da Cidade Alta e garantia de segurança.

“O que foi discutido na audiência pública tem que ter sequência, precisamos dar continuidade. Por isso vamos procurar os órgãos públicos e não só enviar ofícios. Vamos propor soluções com base no que a população falou, principalmente os comerciantes, os lojistas e as entidades representativas. Esse trabalho que nós estamos fazendo é em prol de uma cidade melhor”, afirmou Ubaldo Fernandes. 

O diretor de assuntos institucionais da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN (Fecomércio), Fernando Virgílio, disse que a entidade investiu R$ 5 milhões nos últimos cinco anos na Cidade Alta e cobra melhorias no bairro.
“A Fecomércio sabe que não é uma causa única para esse grande problema da Cidade Alta. Mas temos que fazer um grande diagnóstico e aponto que um dos principais fatores é a questão do adensamento: onde tem menos pessoas, logicamente tem menos negócios e menos pessoas morando”, disse.

Perfil de negócios

O centro da cidade vive nos últimos anos fechamento de grandes empresas e prédios fechados, mas registrou mudança no perfil de negócios e empreendimentos no bairro, conforme noticiou a Tribuna do Norte na edição do último domingo (8). De acordo com a Junta Comercial do RN (Jucern), entre 2019 e a última quinta-feira (5), 1.350 negócios foram abertos, dos quais 816, a maioria, portanto, é composta por empreendimentos do setor de serviços. No mesmo período, 743 empresas encerraram as atividades. O saldo total para o recorte é positivo, de 607 novos negócios. 

“Temos duas situações: a crise do varejo, com as empresas sem capacidade para fazerem seus estoques e a venda online. Por outro lado, Natal cresceu. Antigamente, não tínhamos centros comerciais na zona Norte, na Maria Lacerda, então as pessoas vinham à Cidade Alta. Outro fator que piorou é a diminuição nos ônibus no bairro. Somos o primeiro bairro da capital, não tem estacionamento aqui. Antes tínhamos 48 linhas, hoje só 11 linhas. Trazer o turista de Ponta Negra é impossível”,  analisa o presidente do Viva o Centro, Rodrigo Vasconcelos.

Dono de um bar no Beco da Lama, no coração da Cidade Alta, o empresário Cláudio Abdon, 53 anos, aponta que a principal reclamação de investidores é a falta de segurança no bairro.

“O que precisamos em primeiro lugar é a segurança. Aqui no Beco e nas redondezas é o que mais se reclama, de dia e noite. Os bares promovem música ao vivo, festas, como sempre teve, mas o público é que não está aparecendo. Tem outros fatores também, com a modernidade, as pessoas descobriram a compra online e acham mais cômodo. A Prefeitura quer fazer uma nova grafitagem aqui no Beco, mas precisa divulgar e voltar a ter aqueles sambas que existiam no Beco da Lama com a Coronel Cascudo”, disse. 

Para Aldivan Bandeira, dono de uma empresa de alimentos na Cidade Alta, os preços dos alugueis nos pontos é um fator que afasta investidores. “Os pontos de aluguel na Cidade Alta estão muito caros para a quantidade de clientes do bairro. Tem loja aqui fechada há mais de dois anos. Tem a insegurança no bairro que também afeta. E tem também a questão do transporte público, que desde a pandemia tivemos linhas retiradas e não foram repostas. Vejo pessoas esperando aqui uma hora por um ônibus”, acrescenta.

Com informações da Tribuna do Norte