Empresa envolvida em calote ao Consórcio Nordeste anunciou fábrica na Bahia

10 de Junho 2020 - 09h24
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A empresa Bioenergy - que produziria os respiradores comprados pelo Consórcio Nordeste mas jamais entregues aos Estados -, anunciou no início de maio, poucas semanas depois da formalização do acordo com os nordestinos, a construção de uma fábrica de ventiladores pulmonares em Camaçari, região metropolitana de Salvador (BA). A fábrica teria capacidade para produzir até cem equipamentos por dia, já a partir deste mês de junho. O fato foi amplamente divulgada pela imprensa da Bahia.

A instalação da fábrica tinha como objetivo diminuir os custos de aquisição de respiradores no Brasil, acelerar a entrega e gerar 180 empregos. A Bioenergy prometeu investir R$ 60 milhões no Cimatec Park, com tecnologia 100% nacional, numa área total de 1.000 m2. O Senai Cimatec ficou responsável de arcar com 50% dos custos de condomínio e aluguel do espaço.

“A Bahia se sente privilegiada por uma fábrica dessa natureza se instalar por aqui”, disse na época o vice-governador João Leão, do PP, ao jornal A Tarde. Em maio, a Biogeoenergy assinou um termo de doação de trinta ventiladores mecânicos à Prefeitura de Araraquara, comandada pelo petista Edinho Silva, ministro na gestão de Dilma Rousseff. Os equipamentos deveriam ser entregues ao consórcio até o dia 23 de abril. Mas, até hoje, nenhum aparelho foi entregue nem ao Consórcio do Nordeste, nem à Prefeitura de Araraquara.

“O melhor é que toda a Bahia e o Consórcio Nordeste vão poder comprar os equipamentos fabricados na própria região, sem atrasos de entrega”, garantiu na época o sócio-fundador da Bionenergy, Paulo Tarso, preso na semana passada em operação da Polícia Civil da Bahia.

A CEO da Hempcare - empresa contratada como distribuidora exclusiva dos respiradores da Bioenergy - Cristina Taddeo (também presa na operação), dizia que os produtos teriam preço três vezes menor, e revelou já ter encomendas de várias partes do Brasil, como Ceará, Amazonas e Rio de Janeiro. “Quando percebemos que os respiradores importados, que são quase três vezes mais caros que os nossos, tinham longa espera para a entrega, resolvemos investir aqui, gerar emprego e salvar pessoas”, disse Cristina a imprensa baiana.

Apesar do negócio envolver os respiradores produzidos pela Bioenergy, a distribuidora da empresa (Hempcare) havia vendido ao Consórcio Nordeste respiradores oriundos da China. Os equipamentos da empresa brasileira ainda não possuíam liberação da Anvisa e, portanto, não serviam para uso dos Estados. Este teria sido, inclusive, o motivo que levou o Consórcio Nordeste a denunciar o negócio a Polícia.

 

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