Em um ano de crise, Americanas perdeu 93% do valor de mercado

11 de Janeiro 2024 - 06h52
Créditos: Tânia Rego/Agência Brasil

Desde que anunciou um rombo de R$ 20 bilhões e entrou em recuperação judicial, nos primeiros dias de 2023, a Americanas acumula números negativos: perdeu mais de 90% do valor de mercado, demitiu 5 mil funcionários e fechou 126 lojas físicas.

Depois de tratar, inicialmente, o rombo como um problema contábil, a Americanas admitiu, em junho, que se tratava de uma fraude cometida pela diretoria anterior. O caso chegou a ser investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara dos Deputados e a Comissão Mobiliária de Valores ainda vai apurar o escândalo.

Fundada há 95 anos, a varejista chegou a valer R$ 110 bilhões, em agosto de 2020; com a alta dos juros e a forte concorrência, perdeu valor de mercado e estava avaliada em R$ 10,8 bilhões, em 11 de janeiro de 2023, quando o rombo bilionário foi anunciado.

Agora, um ano depois do início da crise — a maior em uma empresa privada brasileira —, a Americanas vale R$ 776 milhões, ou seja, uma queda de 93% em relação ao ano passado.  

Os números da varejista 

Em 2022, a Americanas era responsável por 13% das vendas pela internet no Brasil. Ao longo de 2023, no pior momento do ano passado, esse porcentual chegou a cair para 4,3%. Já a queda das vendas nas lojas físicas foi menor, o que permitiu a sobrevivência da rede.

Desde 1982, o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles é dono da Americanas. Eles transformaram a companhia numa das maiores varejistas do país e, a partir de 2006, com a fusão com o Submarino e a criação da B2W, a Americanas passou a investir fortemente no comércio eletrônico.

Mesmo com o crescimento, a Americanas passou a operar, desde 2011, no vermelho, e, para financiar investimentos, fez diversas operações no mercado para aumento de capital, o que pode ter contribuído para aumentar o rombo.

Depois do rombo, o trio de acionistas recorreu a uma modalidade de empréstimo concedido a empresas em dificuldades de R$ 2 bilhões. Com ele, os bancos vão converter quase 80% de suas dívidas em ações, e o trio de acionistas vai colocar R$ 12 bilhões no grupo. Com isso, os bancos e os acionistas de referência vão ficar com 98% do capital da Americanas.

Com informações da Revista Oeste