Donos de clínica viram réus e têm prisões decretadas por morte de paciente

27 de Agosto 2024 - 09h36
Créditos: Reprodução

O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) tornou réus e determinou prisão preventiva, nesta segunda-feira (26), dos donos de uma clínica para dependentes químicos em Cotia onde um paciente morreu torturado no mês passado.

Cleber Fabiano da Silva e Terezinha de Cássia de Souza Lopes da Conceição agora são réus pela tortura seguida de morte do paciente Jarmo Celestino de Santana. Além deles, o funcionário Matheus de Carmargo Pinto também responde pela morte - ele havia sido preso em flagrante.

A Justiça determinou, ainda, prisão preventiva para o casal. Cleber e Terezinha eram proprietários da Comunidade Terapêutica Efatá. Para a decisão, o TJ-SP entendeu que o casal denunciado ministrava os medicamentos para sedar Jarmo. O coquetel, chamado de "danoninho", foi identificado como causa da morte do paciente junto as agressões que sofreu.

"As condutas supostamente praticadas evidenciam a ausência de freios morais e representam intranquilidade para a sociedade, risco à integridade física das pessoas e comprometimento da segurança, se sorte a colocar em risco a garantia da ordem pública (...)", narra a decisão da juíza Máriam Joaquim.

No ofício, a juíza cita, ainda, casos anteriores de maus-tratos em que os réus foram investigados. Há, também, uma apuração em andamento contra os acusados por negligência contra mulheres em uma clínica irregular em 2022.

Entenda o caso
Morte foi decorrente de pancadas no abdômen e superdosagem de medicação. No laudo pericial, foi indicado que o homem morreu no dia 8 de julho por lesões no corpo e uma mistura de 11 medicamentos psiquiátricos, que teriam provocado uma espécie de overdose na vítima.

Jarmo foi dopado com mistura de remédios chamada de "danoninho". Em conversas obtidas pela polícia, Matheus teria dito que deu "danoninho", um coquetel de remédios psiquiátricos, para o paciente. Em outro áudio, segundo a polícia, o suspeito ainda confessou ter "cobrido no cacete" o homem de 55 anos.

Matheus já havia sido indiciado e segue preso. O homem, que trabalhava como monitor da Clínica Terapêutica Efatá, torturou e matou Jarmo, segundo a polícia. Um registro de outro funcionário flagrou a vítima ferida com os braços amarrados a uma cadeira.

Paciente chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. A vítima aparece em fotos obtidas pelo UOL com vários hematomas no corpo. Um vídeo também mostra o homem com as mãos amarradas para trás, preso a uma cadeira. Ele havia chegado três dias antes de sua morte à clínica.

Em depoimento, o suspeito teria confessado, segundo a polícia, que agrediu o paciente, mas disse que foi para contê-lo. "As agressões foram praticadas pelo Matheus, com possível participação de outras pessoas. O Matheus confessou que agrediu o dependente, mas afirmou que foi para contê-lo porque ele estava exaltado e agressivo", disse à polícia.

Local foi interditado após vistoria da Vigilância Sanitária no mês passado, após a constatação do crime.

Com informações de UOL